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Caminho Certo. Por J. Carlos de Assis

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – Foto: Ricardo Stuckert/PR/Flickr

Depois do trauma político de 8 de janeiro, depois das resistências do Banco Central em flexibilizar sua taxa de juros de agiotagem, depois da queda de braços entre Executivo e Congresso para aprovação do arcabouço fiscal, depois das imensas dificuldades em coordenar funcionalmente um Ministério de múltiplas origens partidárias, e, depois, finalmente, de cumprir as obrigações impostas pelo imperativo de recuperar as relações internacionais do país, Lula, agora, começa a governar.

E começou, a meu ver, pelo caminho certo: a fixação de uma meta de aplicações de R$ 72 bilhões no financiamento da agricultura familiar pelo Plano Safra, ou 34% acima do orçamento do ciclo anterior. Essa, na verdade, é a forma, ao meu ver, de afastar o espantalho de uma crise social que venha a resultar do não cumprimento da promessa da campanha de Lula de acabar com a fome de 33 milhões de brasileiros e brasileiras, e de reduzir a insegurança alimentar de outros 125 milhões.

Em artigos anteriores apontei, justamente, o imperativo de acelerar a produção alimentar como prioridade absolutoa a curto prazo do atual governo. Temos imensos problemas de infraestrutura e de insuficiência tecnológica, mas podemos enfrentar esses problemas numa perspectiva de médio e logo prazo. Já a questão alimentar é imediata. Se não for resolvida, teremos certamente problemas sociais que podem afetar a estabilidade administrativa e política do país.

O atual Governo, do ponto de vista administrativo, é uma colcha de retalho formada por diferentes partidos políticos sem um compromisso prévio com metas comuns; isso se reflete no plano político, já que não há unidade também no campo partidário. A única forma de conseguir apoio da opinião pública para o Governo é pelo desempenho. E o desempenho, no caso, é colocar comida na mesa do povo, o mais rápido possível, para que Lula cumpra suas promessas de campanha.

Daí a importância do Plano Safra e, em especial, da prioridade que foi dada a ele na distribuição de recursos. De fato, os R$ 72 bilhões destinados à agricultura familiar responderão por mais de dois terços da oferta alimentar no mercado. Isso não só matará a fome do povo, como também contribuirá para reduzir o custo de vida, o que beneficia a classe média, extremamente afetada pela inflação. Dessa forma, não tenho nenhuma dúvida em dizer que, a despeito do atraso, que considero justificado, entendo que as iniciativas do Governo estão  no caminho certo.    

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J. Carlos de Assis

Economista, doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), professor de Economia Internacional na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)[2] e autor de mais de 20 livros.

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J. Carlos de Assis

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