Por Luis Felipe Miguel
A campanha de Lula deve ou não pressionar pelo voto útil, para tentar ganhar no primeiro turno?
Os argumentos contrários são dois. O primeiro é que uma investida assim geraria ressentimentos de outros candidatos, dificultando acertos para o eventual segundo turno.
Creio que o ressentimento de Ciro já basta para impedi-lo de apoiar Lula. Na verdade, Ciro aposta na vitória de Bolsonaro, que (ele julga) finalmente enterraria Lula e o PT e (ele sonha) permitiria que em 2026 ele ganhasse a presidência e herdasse os escombros de um país.
Quanto a Tebet, ela joga de forma bem racional. Sabe que deve negociar o apoio a Lula, nas condições que for.
O segundo argumento é mais forte. Colocar a vitória no primeiro turno como meta desanimaria a militância e enfraqueceria a candidatura de Lula para o segundo turno. Uma vitória ampla no primeiro turno soaria como derrota, caso não liquidasse a fatura.
É verdade. Porém, há outros fatores a serem levados em conta.
Um segundo turno aumenta a agressividade do bolsonarismo, com tudo o que isso representa em termos de violência política, golpismo e tentativa de recusa dos resultados.
No segundo turno, Lula será levado a ceder ainda mais e, portanto, fazer um governo mais conservador.
Tudo colocado na balança, creio que a campanha pela vitória no primeiro turno tem sentido.
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