Canadá cancela tributo a “vítimas do comunismo” ao identificar que maioria era nazista

Atualizado em 15 de dezembro de 2025 às 23:00
 Memorial às Vítimas do Comunismo, em Ottawa, no Canadá - Ahunt/Wikimedia Commons
Memorial às Vítimas do Comunismo, em Ottawa, no Canadá, com nomes cobertos – Ahunt/Wikimedia Commons

As autoridades do Canadá decidiram que o Monumento às Vítimas do Comunismo, inaugurado em Ottawa em dezembro de 2024, não exibirá mais os nomes de indivíduos previstos no projeto original. A decisão foi tomada após a identificação de que parte significativa dos homenageados tinha ligação com o nazismo. Desde a inauguração, o espaço destinado às inscrições permanece coberto por placas pretas.

O monumento havia sido aprovado pelo governo em 2009 e comissionado pela Liberty Foundation, organização sem fins lucrativos formada por imigrantes e descendentes do Leste Europeu. Parte do financiamento veio do governo canadense, enquanto o restante foi obtido por meio de doações privadas. Como contrapartida, doadores poderiam indicar nomes de cerca de 600 pessoas classificadas como vítimas de regimes comunistas.

Durante a fase de construção, veículos da imprensa canadense divulgaram denúncias sobre a presença de nazistas e criminosos de guerra entre os nomes indicados. Grupos judaicos de memória do Holocausto, como o Amigos de Simon Wiesenthal, realizaram levantamentos que identificaram figuras como Ante Pavelić, líder fascista croata ligado à Ustaše, responsável por perseguições e assassinatos de judeus e outras minorias.

Memorial às Vítimas do Comunismo
Memorial às Vítimas do Comunismo – Reprodução

Outro nome apontado foi o de Roman Shukhevych, ultranacionalista ucraniano associado a massacres de poloneses durante a Segunda Guerra Mundial. Estimativas históricas indicam que até 100 mil pessoas foram mortas em ações atribuídas a grupos sob sua liderança.

Diante dessas informações, o Departamento do Patrimônio Histórico do Canadá passou a exigir a análise prévia de cada nome pela Liberty Foundation, com participação de historiadores e representantes de organizações judaicas. Em dezembro de 2025, após a identificação de 330 nazistas ou colaboradores, o governo decidiu vetar definitivamente homenagens individuais no monumento.

A obra também esteve relacionada a uma controvérsia ocorrida no Parlamento canadense em setembro de 2023, quando Yaroslav Hunka, ex-combatente da Divisão da Galícia da Waffen-SS, foi homenageado durante visita do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Na ocasião, o então presidente da Câmara, Anthony Rota, declarou que Hunka era “um herói ucraniano e um herói canadense”. O episódio resultou na renúncia de Rota e em um pedido formal de desculpas do Canadá.

Jessica Alexandrino
Jessica Alexandrino é jornalista e trabalha no DCM desde 2022. Sempre gostou muito de escrever e decidiu que profissão queria seguir antes mesmo de ingressar no Ensino Médio. Tem passagens por outros portais de notícias e emissoras de TV, mas nas horas vagas gosta de viajar, assistir novelas e jogar tênis.