
Um canal de denúncias criado pelo governo Lula ajudou a identificar o nome de 70 suspeitos de ataques à Polícia Federal e bolsonaristas que pediam PIX. Até esta quarta (25), foram enviadas mais de 101 mil mensagens para o canal, que foi feito pelo Ministério da Justiça para coletar informações sobre os golpistas. A informação é do jornal O Globo.
O secretário Nacional de Acesso à Justiça, Marivaldo Pereira, mapeou 200 gigabytes de dados com a ajuda de um software. Ele e sua equipe entregaram os 70 nomes à Diretoria de Inteligência da Polícia Federal (DPF). Parte dos citados são influencers que usaram do bolsonarismo para ganhar dinheiro.
“Estamos usando ferramentas de inteligência para poder mapear as mensagens com mais eficiência. A gente organiza e manda para a Polícia Federal, de acordo com critérios de agregação que podem ser mais relevantes para esclarecer quem organizou, quem financiou e, principalmente, quem estava diretamente envolvido na destruição do patrimônio público”, diz o secretário.
A maior parte das denúncias vem de municípios de médio e pequeno porte, com vizinhos denunciando manifestantes que participaram dos atos golpistas e terroristas. Com uso de inteligência artificial, a pasta mirou nomes que apareceram com frequência nas denúncias.
Foi a partir das denúncias recebidas que a Polícia Federal chegou a organizadores dos atos que foram presos, como Ramiro Alves da Rocha Cruz Júnior, o Ramiro dos Caminhoneiros, e Ana Priscila Azevedo, líder bolsonaristas presa por participar do ataque terrorista de 8 de janeiro.
A corporação conseguiu identificar IPs dos golpistas e os autores das mensagens que convocavam outros apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Grande parte desses influenciadores que se mobilizaram para o ato passaram a divulgar seu pix mesmo que não tivesse evento sendo convocado. Bastou reparar: fez a live, no final termina com pix. O tempo todo falando do pix. O Ramiro é um exemplo clássico disso. É crime? Nem sei se é crime, mas bobo não é quem pede, é quem dá. O constante pedido de dinheiro que essas pessoas fazem é um indício forte de que tem gente vivendo disso. Vivendo da crença de pessoas de que podem abalar o estado democrático de direito. Tem gente que já está vivendo disso, passou a ser um modo de vida”, diz Pereira.
Ele diz que houve uma “comoção social” após o evento e, por isso, a população quis ajudar de alguma forma. “Essa ajuda foi muito importante. Muita gente ficou comovida com a destruição do patrimônio histórico. Muita gente ficou indignada. Gente até que nem acho que tenha votado no presidente Lula ficou revoltada, e denunciou. É um alento ver que esse tipo de conduta é rejeitado pela maioria esmagadora da população brasileira”, avalia.