
O sindicato dos roteiristas dos Estados Unidos (Writers Guild of America) pediu à procuradora-geral de Nova York, Letitia James, que abra uma investigação contra a Paramount após o cancelamento repentino do The Late Show with Stephen Colbert.
Em nota divulgada nesta sexta-feira (18), o sindicato sugere que a decisão pode ter sido motivada por pressões políticas ligadas ao presidente dos EUA Donald Trump.
O pedido de apuração surge após a Paramount firmar um acordo de US$ 16 milhões com Trump, encerrando um processo que ele movia contra o programa 60 Minutes e a CBS News.
Trump alegava que uma entrevista com Kamala Harris foi manipulada. O sindicato cita como precedente a decisão do Senado da Califórnia, que em maio iniciou uma apuração sobre esse mesmo acordo.
Para os roteiristas, a rescisão do programa de Colbert pode ter sido um “suborno” com fins políticos. “Cancelamentos fazem parte do negócio, mas terminar um programa por má-fé e pressão política é perigoso e inaceitável em uma sociedade democrática”, afirma a nota.
Eles lembram que Trump já moveu processos contra veículos como CBS e ABC e cortou recursos da PBS e da NPR, o que indicaria uma escalada contra a liberdade de imprensa.
A procuradora Letitia James afirmou, por meio de sua assessoria, que está acompanhando o caso. O programa de Colbert foi retirado do ar dias após ele criticar publicamente o acordo da Paramount com Trump, chamando-o de “suborno descarado”.
Jon Stewart, que também trabalha em um canal da Paramount, classificou o acerto como “vergonhoso”. Ele acrescentou: “Imagino que, internamente, isso seja devastador para as pessoas que trabalham em um lugar que se orgulha de fazer jornalismo contextualizado e de qualidade.”
Após o anúncio da Paramount, diversos parlamentares se manifestaram sobre o cancelamento, demonstrando ceticismo em relação à empresa.
A senadora de Massachusetts, Elizabeth Warren, escreveu no X: “A CBS cancelou o programa do Colbert apenas TRÊS DIAS depois de ele criticar a Paramount, empresa controladora da CBS, pelo acordo de US$ 16 milhões com Trump – um acordo que parece propina.”
De forma semelhante, o senador de Vermont, Bernie Sanders, protestou. “Os bilionários que controlam a CBS pagam US$ 16 milhões a Trump para encerrar um processo sem fundamento enquanto tentam vender a emissora para a Skydance. Stephen Colbert, um talento extraordinário e o apresentador mais popular da TV noturna, critica o acordo. Dias depois, é demitido. Acho que isso é coincidência? NÃO”, afirmou.
Em comunicado divulgado na noite de quinta-feira, executivos da CBS afirmaram que a decisão de cancelar o programa foi “puramente financeira, diante de um cenário desafiador para os programas noturnos”, e acrescentaram que “não teve qualquer relação com o desempenho, o conteúdo do programa ou outros assuntos envolvendo a Paramount”.