“Cara do agro” citado em relatório da PF por general golpista é filho de ex-vereadora

Atualizado em 17 de dezembro de 2024 às 9:42
Germano Schaffel Nogueira, o “cara do agro” citado em relatório da PF: ele é filho da ex-vereadora do MDB Simone Schaffel Nogueira. Foto: reprodução

O “cara do agro” citado no relatório da Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe, Germano Schaffel Nogueira, é filho da ex-vereadora do MDB Simone Schaffel Nogueira, que atuou no Mato Grosso por três mandatos. Com informações do colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles.

Pecuarista e empresário, Nogueira foi mencionado em diálogos do general Mario Fernandes, preso por envolvimento em articulações para impedir a posse do presidente Lula (PT). Ele também é sócio em três empresas, incluindo um clube de tiro.

Germano Schaffel Nogueira reside em Juína, no Mato Grosso, cidade próxima a Castanheira, onde sua mãe foi presidente da Câmara Municipal. Antes da carreira política, Simone Schaffel atuou como diretora da Escola Municipal de Castanheira e secretária de Assistência Social. Ela deixou a política em 2020 após a morte do marido, Paulo Inácio Schaffel, para acompanhar seus pais no Espírito Santo.

As investigações da PF chegaram até Nogueira por meio de mensagens no celular de Mario Fernandes. As conversas mencionam a “Manifestação da Liberdade”, evento organizado por Nogueira em Brasília. De acordo com a PF, os dois se conheceram no acampamento bolsonarista em frente ao Quartel General do Exército, também na capital federal.

O general Fernandes compareceu ao evento, realizado em 30 de novembro de 2022, e enviou imagens para outros oficiais, solicitando sua divulgação. Em dezembro, ele voltou a contatar Nogueira, pedindo para “manter as ações”.

No áudio, Fernandes afirmou: “Meu amigo, aguarda, mantém as mesmas ações, a mesma vontade, certo? No apoio a nós, tá ok? Quem você puder orientar, manter o mesmo ímpeto, por favor, o faça, certo? Agora, a decisão está em outras searas, ok? E a gente continua acreditando muito, mesmo porque a gente considera que não existe outra saída. Independente da solução, a gente mantém contato. Vou seguir sempre à tua disposição aqui por Brasília.”

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Jair Bolsonaro ao lado do general Mário Fernandes, um dos apontados como idealizadores da trama golpista – Foto: Reprodução

Em outra conversa com o tenente-coronel Mauro Cid, Fernandes mencionou o “pessoal do agro” e caminhoneiros que estavam em frente ao QG. Cid, por sua vez, citou Nogueira em diálogo com o então comandante do Exército, general Freire Gomes: “O presidente tem recebido várias pressões para tomar uma medida mais, mais pesada, onde ele vai, obviamente, utilizando as forças, né? É cara do agro. São alguns deputados, né?”.

Nogueira foi o único empresário do setor agropecuário mencionado no relatório da PF. Seu advogado, Levi de Andrade, informou que ele fez amizade com Fernandes no acampamento em Brasília e que o contato entre os dois foi esporádico após esse período.

Atuação empresarial

Formado em medicina veterinária, Germano Schaffel Nogueira é proprietário de duas empresas em Juína e Castanheira. A Agro Assessoria, aberta em 2014, possui capital social de R$ 100 mil e faturamento anual estimado em R$ 360 mil. A empresa atua com “treinamento em desenvolvimento profissional e gerencial” e comércio de máquinas, equipamentos, produtos agrícolas e animais vivos.

No mesmo ano, Nogueira fundou o CTC Clube de Tiro de Castanheira, voltado para “esporte e recreação”. Apesar de ter sido registrado formalmente, o CNPJ consta como inapto, indicando que a empresa não está mais em operação.

Em 2016, ele criou a Fortese, uma empresa de vigilância e segurança privada com sede em Castanheira. Assim como a Agro Assessoria, a Fortese foi registrada com capital social de R$ 100 mil e possui faturamento anual estimado em R$ 360 mil.