Carla Zambelli foge para o exterior

Atualizado em 3 de junho de 2025 às 11:32
A deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) durante entrevista à rádio AuriVerde Brasil, transmitida no YouTube. Foto: Reprodução

A deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) anunciou que deixou o Brasil após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão por invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

A parlamentar comunicou que pretende denunciar no exterior o que chama de “abusos” do Judiciário e se licenciou do mandato. Ela, que chamou o Parlamento de “covarde”, disse que está na Itália e, por ter cidadania italiana, não pode ser deportada do país para retornar ao Brasil.

“Queria anunciar que estou fora do Brasil já faz alguns dias. Eu vim, a princípio, buscando tratamento médico que eu já fazia aqui, e agora vou pedir para que eu possa me afastar do cargo. Tem essa possibilidade na Constituição; acho que as pessoas conhecem um pouco mais essa possibilidade hoje em dia porque foi o que o Eduardo [Bolsonaro] fez também”, disse em entrevista à rádio AuriVerde Brasil, transmitida no YouTube.

Ao ser questionada sobre quando tomou a decisão de sair do país, Zambelli afirmou que se decidiu após ouvir os conselhos de outro bolsonarista fujão: o blogueiro Allan dos Santos, que está nos Estados Unidos desde 2020, com o visto expirado e enfrentando investigações no Brasil.

“Eles me ceifaram, mas quando acham que morri, é quando renasço das cinzas — como a fênix. Quando julgam que minha árvore da vida secou, é quando ela mais dará frutos”, declarou Zambelli à Revista Oeste, de extrema-direita. “Nove ministros do STF imaginaram que, ao não ser mais parlamentar, eu seria finalmente combatida e silenciada.”

“Sem as amarras de um mandato, sem precisar me preocupar se minhas palavras vão ferir a vaidade de uma corte que perdeu seu poder constitucional, posso lutar ainda mais — por aquilo que é certo.”

Ela, no entanto, negou estar foragida. “Não há mandado de prisão contra mim. Além disso, a cassação ainda precisa ser analisada pela Câmara dos Deputados, que pode votar pela sua rejeição.”

“Falo espanhol e inglês e quero usar esses idiomas como ferramenta a favor da nossa causa. O papel do Eduardo [Bolsonaro] nos Estados Unidos é estratégico — e acredito que precisamos de uma articulação igualmente forte aqui na Europa.”

A condenação

Por unanimidade, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou a deputada Carla Zambelli (PL-SP) a 10 anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrido em 2023.

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), ela e o hacker Walter Delgatti inseriram documentos forjados no sistema do CNJ. Entre os documentos, está um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, redigido como se tivesse sido assinado pelo próprio magistrado.

Com a condenação, Zambelli, eleita em 2022, torna-se automaticamente inelegível por oito anos, conforme a Lei da Ficha Limpa.

A inelegibilidade tem efeito imediato, uma vez que a Lei da Ficha Limpa determina que a pena começa a valer após a decisão colegiada, no caso, a decisão da Primeira Turma do STF. Assim, a inelegibilidade da bolsonarista se aplica a partir de 2022, ano dos fatos ocorridos.

No entanto, a perda de mandato e uma eventual prisão só ocorrerão se a condenação for confirmada após o julgamento de possíveis recursos que a defesa da parlamentar poderá apresentar, uma vez que o acórdão do julgamento for publicado. Essas duas medidas só serão aplicadas quando não houver mais possibilidade de recurso.