Carlos Bolsonaro é o alter ego do pai presidente. Por Kennedy Alencar

Atualizado em 14 de fevereiro de 2019 às 7:44
Carlos e Jair Bolsonaro

PUBLICADO NO BLOG DO JORNALISTA KENNEDY ALENCAR

Carlos é o alter ego de Jair Bolsonaro. O filho vereador no Rio de Janeiro é o “segundo eu” do pai presidente. Tudo sugere que é aquele em quem Jair Bolsonaro confia tanto quanto em si mesmo.

Em tuítes, Carlos Bolsonaro desmentiu hoje o ministro Gustavo Bebbiano (Secretaria Geral). O ministro teria faltado com a verdade ao dizer que conversara com o presidente e que estaria tudo bem em relação às suspeitas de uso de candidaturas laranjas pelo PSL na eleição passada, quando Bebbiano presidiu o partido.

A dureza com que Carlos Bolsonaro tratou Bebbiano deixou claro que ele estava falando em nome do presidente da República. O noticiário brasiliense dá conta do desconforto de Jair Bolsonaro com o ministro, bem como do aval presidencial aos tuítes.

A condição de presidente da Republica impede e desaconselha a adoção de um discurso tão contundente como o feito por Jair Bolsonaro na campanha eleitoral.

Nesse contexto, entra Carlos Bolsonaro. Ele tem feito críticas duríssimas à imprensa, à oposição, ao vice-presidente Hamilton Mourão e, agora, a um ministro de Estado. É ingenuidade achar que não há autorização do presidente da República para essa atitude.

Trata-se de uma estratégia de comunicação que o presidente endossa dentro da guerra cultural que o campo político propriamente dele, o de extrema-direita, faz desde a campanha eleitoral.

Dos três filhos do presidente que atuam na política, Carlos é o que tem a retórica mais beligerante. Isso é uma estratégia que cumpre um papel importante nessa lógica de guerra cultural, típica das redes sociais.

Há coisas duras que um presidente não pode dizer. É útil ter quem diga por ele.

Assim, o presidente se preserva, adotando tom mais moderado, como pede o cargo, mas tem um aliado estratégico, no caso, o próprio filho, cumprindo uma função importante dentro do plano de comunicação do governo.