O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a cúpula do partido ainda não definiram o destino político de Carlos Bolsonaro para as eleições de 2026. Roraima surge como uma das opções mais viáveis para o vereador carioca, que vai disputar uma cadeira no Senado.
A escolha de Carlos faz parte de uma estratégia mais ampla de Bolsonaro, que pretende aumentar a influência familiar no Congresso. O objetivo, segundo aliados, é garantir maioria no Senado para barrar pautas contrárias, avançar em projetos de interesse do grupo e interferir em processos que possam beneficiá-lo juridicamente.
Atualmente no sétimo mandato como vereador do Rio de Janeiro, Carlos encontra dificuldade para disputar o Senado no próprio estado. O irmão, Flávio Bolsonaro, já ocupa uma das cadeiras e lidera as pesquisas de intenção de voto com cerca de 40%, segundo levantamento da Paraná Pesquisas realizado em maio. Além disso, o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) é outro nome cotado para concorrer pela legenda no Rio.
Santa Catarina foi cogitada como alternativa, já que Jair Renan Bolsonaro, outro filho do ex-presidente, se elegeu vereador em Balneário Camboriú em 2024. No entanto, a ideia enfrenta resistência interna. O governador Jorginho Mello (PL) apoia a deputada federal Caroline de Toni para o Senado, enquanto a também deputada Júlia Zanatta busca se viabilizar como segunda opção. Aliados avaliam que Carlos não teria o mesmo engajamento no estado que outros pré-candidatos.
O Espírito Santo também entrou no radar, por ser considerado reduto da direita. Mas o cenário local é disputado: Bolsonaro apoia o deputado federal Evair de Melo (PP), enquanto o senador Magno Malta articula a candidatura da filha, Maguinha, para fazer dobradinha com ele. Nesse contexto, Carlos perderia espaço novamente.
RORAIMA
Com as opções anteriores enfraquecidas, Roraima aparece como alternativa mais consistente. O estado deu a Bolsonaro 76% dos votos no segundo turno da eleição presidencial de 2022 e é considerado o mais bolsonarista do país.
Pesquisas não registradas circulam em Boa Vista e já colocam o nome de Carlos como possível candidato ao Senado pelo estado.
O governador Antonio Denarium (PP), líder nas sondagens, pretende disputar a vaga, mas enfrenta incertezas jurídicas — já foi cassado quatro vezes pelo Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR) e aguarda decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), prevista para setembro. Se for afastado, abre caminho para novos nomes.
Outro potencial concorrente, o senador Mecias de Jesus (Republicanos), deve deixar o cargo para assumir vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE), o que também abriria espaço na disputa.
O deputado federal Hélio Lopes (PL-RJ), o Hélio Negão, chegou a ser cogitado, mas a possibilidade foi descartada por Bolsonaro.
O nome mais certo no cenário roraimense é o do prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique Brandão Machado (MDB), que migrará para o PL e receberá apoio direto de Bolsonaro. Com essa articulação, o médico particular de Bolsonaro, Marcelo Zeitoune, atual vice-prefeito e secretário municipal de Saúde, seria alçado à prefeitura.
“Até agora não nada foi oficializado por Bolsonaro ou Waldemar. O nome de Carlos não surgiu, mas se Bolsonaro decidir lançar Carlos, ele se elege facilmente. Aliás, em Roraima, ele elege até um cabrito, se quiser. O estado o vê como uma entidade”, afirmou um integrante do PL ouvido pela reportagem.