Carluxo levou Bolsonaro para o buraco na crise do coronavírus. Por José Cássio

Atualizado em 4 de abril de 2020 às 8:18
Carlos e Jair

A queda de popularidade de Jair Bolsonaro em meio à pandemia de coronavírus – bateu recorde de insatisfação, segundo a XP Investimento, saltando de 36% para 42% na avaliação de ‘ruim e péssimo’ -, coincide com a ascensão do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) no Palácio do Planalto.

Carluxo se instalou no terceiro andar do prédio onde despacha o presidente da República há pelo menos três semanas.

Objetivo: coordenar as ações de Comunicação.

Criou e consolidou, na avaliação de integrantes do alto escalão, um governo paralelo para a condução da crise do coronavírus.

Não bastasse o clima de apreensão com a presença do Zero Dois – assessores temem estar sendo vigiados ou até gravados pelo filho do presidente -, as decisões tomadas desde então mergulharam o país no caos e ajudaram a levar para o buraco a credibilidade de Bolsonaro.

São inúmeras as bobagens que Jair fez e falou desde que passou a se submeter ao comando do filho.

A primeira foi vender a cloroquina como elixir do coronavírus, anunciando que pesquisadores do Einstein haviam iniciado protocolo de testes com o medicamento para tratar pacientes diagnosticados com COVID-19.

Bastaram duas horas para o discurso ser desmentido pelo hospital paulistano, que informou estar apenas preparando um protocolo de pesquisa para avaliar a eficácia da droga usada no combate à malária, o lúpus e a artrite.

Na sequência, Carlos induziu o pai a enfrentar governadores, prefeitos e o próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e atuar para desmanchar a política de isolamento social, negando a ciência e recomendações das autoridades dos principais países.

Pôs e tirou do ar uma campanha publicitária com o slogan ‘O Brasil não pode parar’, fez Bolsonaro circular entre populares em Brasília e cidades satélites do DF e ir à TV proferir um pronunciamento oficial desastroso.

Não bastasse, viu o presidente quase demitir ao vivo o ministro da Saúde numa entrevista por considerar que ele está “extrapolando” e “só faz que tem interesse”.

Nesta semana, o chefe da Casa Civil, general Braga Netto, negou que Carluxo mantenha uma sala para despachos no Palácio do Planalto, limitando-se a dizer:

“O vereador Bolsonaro não possui gabinete no palácio. Ele está sempre no palácio quando vem visitar o pai dele. Somente isso, tá? Essa é a informação que eu tenho e que tenho convivido aqui”.

Toda essa confusão em menos de 30 dias e com Carluxo atuando de forma extraoficial.

Imagina só quando a brincadeira for pra valer.

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