Carrefour confirma boicote à carne do Mercosul nas lojas da França

Atualizado em 23 de novembro de 2024 às 16:47
Ministério da Agricultura brasileiro e Apex criticam decisão da rede de supermercados. Foto: Divulgação/Carrefour

O Carrefour anunciou que a paralisação das compras de carnes provenientes do Mercosul ocorrerá apenas em suas lojas localizadas na França. A medida foi divulgada pelo CEO do grupo, Alexandre Bompard, em um comunicado nas redes sociais na última quarta-feira (20). Na ocasião, ele afirmou que a gigante francesa do varejo “assume o compromisso de não comercializar nenhuma carne proveniente do Mercosul”, que inclui Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

No entanto, a empresa não especificou inicialmente em quais países a medida valeria, o que gerou confusão e reações negativas.

Na manhã seguinte, o Carrefour esclareceu que a restrição se aplicaria apenas às lojas francesas, e que em outros países, como Brasil e Argentina, as operações continuariam sem mudanças. A empresa explicou que a decisão não reflete a qualidade das carnes do Mercosul, mas uma resposta à demanda do setor agrícola francês em meio a uma crise no país. A rede de supermercados também informou que quase toda a carne vendida nas lojas da França é produzida localmente, o que significa que o impacto na exportação de carnes dos países do Mercosul será mínimo.

A declaração de Bompard provocou críticas tanto de produtores rurais do Mercosul quanto do governo brasileiro. O Ministério da Agricultura do Brasil reagiu, alegando que a medida do Carrefour reflete um protecionismo injustificado e reafirmando a qualidade da carne brasileira.

O ministério também destacou que o Brasil atende aos rigorosos padrões exigidos pela União Europeia e que está em conformidade com as boas práticas agrícolas. Além disso, o governo brasileiro apresentou propostas para rastrear a origem da pecuária, visando atender às exigências do Regulamento de Desmatamento da União Europeia, que entra em vigor em 2025.

Em resposta ao comunicado do Carrefour, seis importantes entidades do agronegócio brasileiro divulgaram uma nota conjunta expressando seu descontentamento. As associações, incluindo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), criticaram a decisão como um reflexo de um protecionismo contrário ao mercado global. Segundo elas, se o Mercosul não for considerado adequado para o mercado francês, também não deveria ser aceito em outros países onde o Carrefour opera.

Essas entidades afirmaram que a posição do Carrefour coloca em risco não só os negócios do próprio grupo, mas também a produção local, que já enfrenta dificuldades para suprir a demanda interna sem as importações. O Brasil é um dos maiores exportadores de carne bovina e responde por uma parcela significativa das importações de carne da União Europeia. A Abiec, em particular, chamou a medida de contraditória, considerando que o Carrefour é um dos maiores compradores de carne brasileira.

Por fim, o Carrefour reiterou que a medida visa atender a uma pressão interna da França e que não envolve uma avaliação negativa da carne do Mercosul. A gigante do varejo também reafirmou que continuará a operar normalmente nos demais países onde tem presença, sem alterações nas compras de carne desses países.

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