Cartões de crédito viram fonte de renda extra e rendem até R$ 220 mil a americanos; entenda

Atualizado em 12 de outubro de 2025 às 19:21
Visa e Mastercard são radicais e encerram operações na Rússia. foto dos cartões com a bandeira da Rússia ao fundo.
Cartões de crédito. Foto: reprodução

Milhares de americanos estão transformando cartões de crédito em fonte de renda, explorando bônus e recompensas oferecidos por bancos para atrair novos clientes. Conhecidos como “churners”, esses consumidores acumulam dezenas de cartões para ganhar pontos, milhas ou dinheiro de volta. O produtor de TV Matthew Palm, de 57 anos, afirma já ter obtido mais de 50 cartões e acumulado cerca de US$ 40 mil (aproximadamente R$ 220 mil) em bônus.

O mecanismo é simples: cada novo cartão concede uma recompensa de inscrição a quem atinge uma meta mínima de gastos. A prática, que exige disciplina e planejamento, se espalhou em fóruns e redes sociais, criando uma comunidade ativa de usuários. Um estudo do Federal Reserve de 2023 estimou que consumidores experientes recebem US$ 15 bilhões por ano em benefícios — valor que, indiretamente, é pago por quem mantém dívidas e paga juros altos.

Entre os casos citados pelo New York Times, estão o do estudante Isaac Khor, que afirma ter ganho US$ 15 mil em um ano, e o da californiana Lindsay Ash, que mantém 60 cartões ativos com o marido. O casal financia férias anuais com as recompensas. “Ainda me belisco para acreditar quanto dá para ganhar com isso”, contou ela.

Embora lucrativo, o “churning” envolve riscos. Para liberar os bônus, o usuário precisa gastar valores consideráveis em pouco tempo. Um erro pode comprometer a pontuação de crédito e gerar juros altos. Palm admite que a prática “não é para quem tem insegurança financeira”. Mesmo assim, muitos desses consumidores mantêm pontuações elevadas, já que utilizam apenas uma fração de seu crédito disponível.

Prédio da Capital One. Foto: Reprodução

Empresas emissoras de cartões, como a Discover e a Capital One, reconhecem o desafio. “Para atrair clientes, é preciso oferecer bônus atraentes”, afirmou Roger Hochschild, ex-CEO da Discover. “Mas para cada pessoa que segue apenas a letra da promoção, o banco perde dinheiro.” O equilíbrio entre conquistar novos usuários e evitar prejuízos tornou-se um dilema no setor.

O fenômeno da renda via cartões de crédito continua crescendo. Empresários e profissionais liberais aproveitam brechas, como taxas de juros zero por 12 meses, para financiar despesas sem custo. Outros recorrem a táticas criativas, como comprar cartões-presente, pagar impostos adiantados ou participar de grupos de compras coletivas para acumular pontos. Enquanto bancos tentam fechar brechas, os “churners” seguem inovando e lucrando.