Casa Branca dá chilique após Trump não ganhar Nobel da Paz: “Política acima da paz”

Atualizado em 10 de outubro de 2025 às 11:16
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Reprodução

A Casa Branca criticou a decisão do Comitê Norueguês do Nobel de conceder o Prêmio Nobel da Paz de 2025 à ultraliberal venezuelana María Corina Machado, e não ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta sexta-feira (10).

O governo americano acusou o comitê de colocar “política acima da paz”, em meio à frustração pela derrota na disputa pela honraria. O porta-voz da Casa Branca, Steven Cheung, criticou duramente a decisão em uma publicação no X.

“O presidente Trump continuará fazendo acordos de paz, encerrando guerras e salvando vidas. Ele tem o coração de um humanitário, e nunca haverá ninguém como ele, capaz de mover montanhas com a força de sua vontade”, disse. “O Comitê do Nobel provou que prioriza a política acima da paz.”

O próprio Trump havia demonstrado confiança em ser o vencedor e afirmou que seria “uma ofensa ao povo americano” caso o Nobel não fosse concedido a ele. O republicano justificou sua nomeação alegando ter “encerrado sete guerras em oito meses” — embora duas dessas guerras nunca tenham existido e uma terceira tenha sido iniciada por seu próprio governo, no Irã.

A campanha de Trump pelo prêmio durou meses e mobilizou parte da diplomacia dos Estados Unidos. A Casa Branca chegou a articular apoios internacionais para fortalecer a candidatura do presidente, mas o esforço terminou sem sucesso.

O republicano manifestou diversas vezes seu desejo de receber o Nobel, prêmio que já foi concedido a quatro ex-presidentes americanos — Barack Obama (2009), Jimmy Carter (2002), Woodrow Wilson (1919) e Theodore Roosevelt (1906).

Marco Rubio atuou em indicação

O atual secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, foi quem indicou María Corina Machado ao Prêmio Nobel da Paz, ainda em 2024, quando era senador pela Flórida. À época, Rubio liderou uma carta enviada ao comitê organizador em Oslo, defendendo que a golpista fosse reconhecida por sua atuação contra o governo de Maduro.

“Escrevemos a vocês em apoio à indicação de María Corina Machado para o Prêmio Nobel da Paz”, disse a carta de 26 de agosto de 2024.

A ultraliberal venezuelana María Corina Machado. Foto: Reprodução

O mesmo Rubio que defendeu Machado é hoje o chefe da diplomacia de Trump, presidente que fez campanha explícita para receber o próprio Nobel da Paz. A Casa Branca chegou a acionar a diplomacia americana para apoiar essa iniciativa, sem sucesso.

Rubio foi nomeado secretário de Estado por Trump no segundo mandato do republicano. Antes disso, sua campanha pela venezuelana foi vista como uma estratégia política para aumentar a pressão internacional sobre Maduro, então alvo de sanções dos Estados Unidos.

A líder opositora venceu o Prêmio Nobel da Paz de 2025, anunciado hoje pelo Comitê Norueguês do Nobel, em Oslo. A cerimônia de entrega ocorrerá em 10 de dezembro, data que marca o aniversário da morte de Alfred Nobel, criador da premiação.