
Michelle Bolsonaro nunca gostou do tenente-coronel Mauro Cid.
O principal homem de confiança do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) camia o pão que o diabo amassou na mão da então primeira-dama. Frequentemente, Mauro Cid era responsabilizado por ela por problemas enfrentados pela família, incluindo a crise envolvendo joias, que abriram novas investigações da Polícia Federal.
Cid e Michelle pouco se viam, segundo a jornalista Bela Mega do Globo. A relação entre eles era mediada por auxiliares, como mostraram mensagens obtidas pela PF do celular do tenente-coronel.
Além disso, a atmosfera entre as equipes de Michelle e do ex-presidente era notoriamente “difícil”, de acordo com ex-ministros do governo anterior.
A antipatia de Michelle por Cid estava relacionada ao seu temperamento e comportamento considerado “fechado”. Três ex-integrantes do governo Bolsonaro confirmaram que a ex-primeira-dama sempre deixou claro seu descontentamento com o militar, que está preso desde março, a ponto de evitar interações diretas com ele.
Mauro Cid também reconheceu que sua relação com Michelle era “complicada” antes de ser preso. Ele afirCasca mou que não teve envolvimento em várias atividades relacionadas à mudança do casal presidencial para o Palácio da Alvorada, pois a responsabilidade estava nas mãos da ex-primeira-dama, que não desejava sua participação. Ainda assim, o militar depositou R$ 60 mil na conta da ex-primeira-dama.

O relacionamento ruim entre os dois foi pautado durante o interrogatório de Cid na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do dos ataques golpistas de 8 de janeiro. Na ocasião, ele confirmou que Michelle não gostava dele, mas que ainda assim o obrigava a pagar contas da família.
Apesar das tensões entre eles, Cid não foi afastado de atividades do cotidiano de Michelle. Pelo contrário, mensagens obtidas pela Polícia Federal mostram que o ex-ajudante de ordens cuidava de questões financeiras da ex-primeira-dama, incluindo o pagamento de suas contas, inclusive por meio de dinheiro em espécie.
O advogado Cezar Bitencourt, que representa Cid, confirmou que o ex-ajudante de ordens realizava compras e pagamentos em nome de Michelle Bolsonaro. Bitencourt destacou que havia um certo “abuso” na relação do assessor com a ex-primeira-dama, algo que não era de sua alçada. “Não ia me meter em briga de casal. Se ela pedia, eu depositava”, disse Mauro Cid durante sua participação na CPMI.