Caso Coaf: para Bolsonaros, melhor com Renan do que contra ele. Por Helena Chagas

Atualizado em 1 de fevereiro de 2019 às 15:31
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Publicado originalmente no site Os Divergentes

POR HELENA CHAGAS

Mais do que temores em relação ao futuro de reformas como a da Previdência, a motivação do telefonema de Jair Bolsonaro a Renan Calheiros ontem à noite — uma espécie de rendição à constatação de que o senador tem fortes chances de ser o presidente do Senado — materializou-se nesta manhã: a decisão já prevista do ministro do STF Marco Aurélio de remeter de volta à primeira instância as investigações do Caso Coaf e desconhecer o pedido de Flávio Bolsonaro para ter foro especial e anular as provas colhidas até hoje.

As investigações vão continuar sendo conduzidas pelo MP do Rio e o senador Flávio Bolsonaro continua no alvo, embora não seja ainda oficialmente investigado. O que isso quer dizer? Que ele vai precisar muito do Senado e de seu novo presidente, e não pode correr o risco de se indispor com Renan, nem em caso de vitória nem de derrota.

Eleito, o senador alagoano, que espertamente lançou uma boia a Flávio há poucos dias minimizando as acusações contra ele, terá nas mãos o poder de deflagrar ou barrar ações internas de investigação nas instâncias do Senado e até estimular a criação de uma CPI do Caso Coaf, se assim quiser. Mesmo derrotado, terá poder de fogo para atrapalhar muito a vida de Flávio na nova casa.

Ao que parece, Bolsonaro raciocinou politicamente e concluiu que é melhor ficar junto com Renan do que contra Renan — com todas as consequências que isso terá para seu governo..