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Por Luis Felipe Miguel
Bolsonaro vetou o perdão à dívida das igrejas, a pedido de Guedes, mas está estimulando o Congresso a derrubar o veto. Jogada típica dele, que quer governar sem assumir responsabilidades.
Com o placar folgado da votação original e sem o governo pressionando, a derrubada do veto é bem provável. É mais um buraco aberto na laicidade do Estado e mais um prêmio aos religiosos que investem na exploração da ingenuidade alheia e na lavagem de dinheiro.
A parte da esquerda que ficou a favor do perdão traiu compromissos fundamentais do que é ser de esquerda. Não se trata de ter ou não ter crença religiosa, mas de aceitar ou não a separação entre igreja e Estado, fundante da possibilidade de democracia. Muito menos é uma ponte para o necessário diálogo com seus fiéis: é mais um afago dado a seus dirigentes picaretas.
Os governos petistas não economizaram tais afagos e deu no que deu.
E a nota da bancada do PCdoB para justificar o injustificável é triste. Apoia-se no artigo 150 da Constituição, que veda ao poder público instituir impostos sobre templos. Mas o artigo visa impedir taxação discriminatória. Não é uma promessa de isenção fiscal, muito menos um salvo conduto para sonegação.