Caso Epstein: príncipe Andrew renuncia ao título de Duque de York

Atualizado em 17 de outubro de 2025 às 17:10
O príncipe Andrew. Foto: Divulgação

O príncipe Andrew, irmão do rei Charles III, anunciou nesta sexta-feira (17) que renuncia oficialmente ao título de Duque de York, um dos mais antigos da monarquia britânica. O Palácio de Buckingham confirmou a decisão em comunicado, no qual o príncipe afirmou que as acusações que enfrenta “desviam a atenção do trabalho de Sua Majestade e da Família Real”.

A medida marca o fim de sua ligação formal com a realeza após anos de polêmicas ligadas ao escândalo sexual envolvendo o bilionário Jeffrey Epstein. “Em discussão com o rei e minha família imediata e ampla, concluímos que as contínuas acusações contra mim desviam a atenção do trabalho de Sua Majestade e da Família Real”, declarou Andrew.

“Decidi, como sempre, colocar meu dever para com minha família e meu país em primeiro lugar. Com o consentimento de Sua Majestade, sentimos que devo agora dar um passo adiante. Portanto, não usarei mais meu título nem as honras que me foram conferidas. Como já disse, nego veementemente as acusações contra mim”, acrescentou.

A decisão foi divulgada dois dias depois de o jornal The Guardian publicar trechos do livro “Nobody’s Girl”, memórias póstumas de Virginia Giuffre, que acusou o príncipe de tê-la abusado sexualmente em três ocasiões no início dos anos 2000, quando tinha 17 anos. Virginia afirmava ter sido explorada por Epstein e por sua parceira Ghislaine Maxwell, que recrutava meninas para o esquema de tráfico sexual.

Segundo o livro, Virginia conheceu Andrew em março de 2001, na casa de Maxwell, em Londres. A jovem escreveu que foi acordada pela cúmplice do bilionário com a promessa de que conheceria “um príncipe encantador, assim como a Cinderela”.

Virginia Giuffre. Foto: Divulgação

Ela descreve o encontro como constrangedor e perturbador: “Minhas filhas são só um pouquinho mais novas que você”, teria dito Andrew. “Ele era amigável o suficiente, mas ainda tinha um ar de autoridade, como se acreditasse que fazer sexo comigo era seu direito de nascença”, escreveu Virginia.

O príncipe sempre negou qualquer envolvimento e diz que nunca conheceu Giuffre, apesar de uma fotografia divulgada pela Justiça dos EUA em 2021 mostrar os dois juntos ao lado de Ghislaine Maxwell. O caso reacendeu a pressão pública sobre Andrew e intensificou o desgaste da monarquia britânica, já abalada por escândalos recentes.

Epstein, que se suicidou em uma prisão federal em 2019, era acusado de traficar mais de mil adolescentes e manter uma rede internacional de exploração sexual que envolvia empresários e políticos. Sua morte impediu que o processo avançasse, mas as denúncias contra seus associados, incluindo Andrew, continuaram a repercutir.

Fontes próximas ao Palácio de Buckingham afirmam que o rei Charles considerou a decisão “inevitável” diante da nova repercussão do caso. Com a renúncia, Andrew perde o direito de usar o título de Duque de York e todas as honrarias associadas à função, embora mantenha o status de membro da família real.

O príncipe Andrew com Jeffrey Epstein e Melania Trump (dir.) no resort Mar-A-Lago, do presidente dos EUA Donald Trump
Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.