Caso “guardiões do Crivella” alerta para início de um caminho fascista

Atualizado em 10 de setembro de 2020 às 21:24
Crivella e Marcelo Luciano, líder dos “Guardiões do Crivella”

Publicado originalmente no Jornal da USP:

Por Valéria Dias

O caso dos funcionários da Prefeitura do Rio de Janeiro que ficavam na porta de hospitais, atrapalhando reportagens sobre a área da Saúde e constrangendo pacientes, é o tema que o professor Renato Janine Ribeiro aborda em sua coluna Ética e Política desta semana.

“O fato de um prefeito desviar funcionários públicos para uma tarefa totalmente ilegal de impedir pessoas de dizerem o que querem dizer, de impedir a imprensa de fazer o seu trabalho, isso é sinal de um caminho fascista”, alerta o colunista sobre o caso, que ficou conhecido como “guardiões do Crivella”.

O fascismo, explica Janine, se caracterizava pela existência de milícias de grupos paramilitares, às vezes uniformizados, às vezes não, mas que usavam da violência para impedir a expressão dos outros. Isso aconteceu na Itália e na Alemanha. No Brasil, “o que nós estamos tendo é uma versão inicial, mas que vai pela mesma direção”. Medidas enérgicas deveriam ser tomadas em relação ao prefeito, na visão do professor. Para o colunista, é deplorável que a maioria dos vereadores cariocas tenha votado, por 25 votos a 23, pelo arquivamento do processo de impeachment de que o prefeito Marcello Crivella foi alvo em decorrência do caso.

Janine comenta ainda o fato de o governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, correr o risco de sofrer impeachment pela Assembleia, e que isso poderia indicar dois pesos e duas medidas. “Evidentemente, não se trata das mesmas acusações, mas, do ponto de vista político, o fato de adotar métodos flagrantemente contrários à democracia e aos princípios republicanos, de usar, para benefício privado, funcionários públicos, isso é totalmente irregular, antiético e ilegal.”