Caso Gugu: Colunista do UOL publica mentiras sobre o DCM, num texto que serve para alimentar a farsa da extorsão

Atualizado em 12 de fevereiro de 2020 às 16:51
Gugu e Paulo Sampaio

O colunista do UOL Paulo Sampaio publicou mentiras em série para atacar o Diário do Centro do Mundo e a mim, num texto que serve para a defesa de Gugu.

No título — “Advogado dos filhos de Gugu processa site por ‘acusações caluniosas’” —, a primeira fake news.

O que o advogado de Gugu fez foi registrar um boletim de ocorrência contra o site e este jornalista, o que não significa início do processo.

Diante do boletim de ocorrência, o delegado avalia se deve levar adiante ou não a investigação. Para se tornar processo, é necessário que, concluído o inquérito, o Ministério Público faça a denúncia, e o juiz a aceite.

O DCM recebeu um e-mail do advogado de Gugu, Carlos Regina, e da assessora de comunicação, Ester Rocha, em que é reivindicada a retirada do texto da rede.

O site decidiu manter a reportagem no ar em razão do texto se apoiar num processo judicial que tramitou durante quatro anos, e se encerrou depois que Gugu pagou indenização a Leandro Kloppel, ex-integrante da banda Boomerang e hoje DJ na Europa.

Portanto, a notícia de que “Gugu pagou indenização para se livrar de processo por abuso sexual de menino de 14 anos” é absolutamente verdadeira.

O DCM também explicou por que decidiu apurar o caso e publicar o texto: o interesse público representado pelas evidências de que existe um esquema de exploração sexual subjacente à indústria de entretenimento e celebridade.

Não necessariamente vinculado exclusivamente à atuação de Gugu, cuja família, neste momento, enfrenta um período de dor e sofrimento e, em razão disso, é compreensível que estejam revoltados com a divulgação dos fatos relatados no processo.

Não é o objetivo do DCM aumentar esse sofrimento, mas é inevitável que o caso seja tratado jornalisticamente.

O próprio autor do processo contra Gugu diz que o relacionamento mantido com ele foi responsável pela destruição de sua própria família.

Quantas outras pessoas não estariam também sofrendo hoje por terem sido abusados sexualmente, na fase mais sensível de suas vidas — a transição da infância para a adolescência?

Casos assim, além de tudo, não são exclusividades brasileiras.

A diferença é que, nos Estados Unidos, quando casos equivalentes vieram à tona, a imprensa e as autoridades fizeram o trabalho devido, com a consequente responsabilização criminal dos envolvidos.

Gugu, em razão do seu falecimento, não poderá responder pelos fatos que lhe foram imputados por Leandro, mas há outros nomes citados na acusação do DJ que continuam empresariando artistas e que poderiam ser ouvidos e, se for o caso, responsabilizados.

Os advogados de Leandro, Thúlio Caminhoto Nassa e Marcos Rogério Ferreira, se refeririam a eles no processo como “rede de malfeitores”.

Precisamente, afirmaram:

“O requerido (Gugu) se utilizou do seu prestígio, que é público e notório, para, juntamente com a sua rede de malfeitores, abusar sexualmente do requerido (Leandro), sob a chancela de fazê-lo mais um astro de televisão.”

Paulo Sampaio, do UOL,  faria melhor ao jornalismo e à sociedade se procurasse aprofundar essa acusação grave de Leandro.

Mas, lamentavelmente, investigar histórias de interesse público parece não ser mais o ofício de grande parte dos profissionais da velha imprensa.

Mais fácil é dar a versão da assessoria de comunicação de Gugu e do advogado do grupo.

Paulo Sampaio faltou com a verdade também ao dizer que entrou em contato com o DCM, mas não obteve resposta.

Não há nenhum registro de que tenha tentado este contato, e não seria difícil. Além do e-mail do site, que é público, ele poderia ter entrado em contato comigo, já que, ao final de cada texto que escrevo, é informado meu e-mail.

Se tivesse entrado em contato, saberia que a ofensiva dos advogados contra o DCM e todos os sites que republicaram a reportagem repete a estratégia de seis anos atrás, quando Gugu foi procurado pelos defensores de Leandro.

O próprio DJ recebeu e-mail de seu antigo empresário, Francisco Suassuna, o Ramon, com ameaças, e os advogados dele foram denunciados na OAB e no Ministério Público por extorsão.

Houve investigação e um processo por ética e disciplina. Ao final, tanto no Poder Judiciário quanto na OAB, os defensores de Leandro foram inocentados.

No decorrer das ações, no entanto, a pressão foi grande, também por parte da assessoria de comunicação de Gugu, que contratou um escritório especializado para trabalhar ao lado do estafe da casa.

Em conjunto, plantaram notas na imprensa para alimentar a versão falsa de que haveria crime de extorsão em curso, sem mencionar que, por trás dessa fantasiosa acusação, havia a denúncia de um crime de exploração sexual, com indícios de estupro de vulnerável — no caso, por parte do empresário amigo de Gugu, Francisco Suassuna, o Ramon.

A estratégia agora se repete, desta vez contra o exercício da liberdade de expressão — que engloba a liberdade de imprensa.

Mas o DCM vai se manter leal ao princípio que norteia o site desde sua fundação: havendo interesse púbico e com informações consistentes e fundamentadas, a notícia será publicada.

Bom seria que outros veículos de imprensa seguissem esse mesmo princípio, verbalizado pelo publisher Joseph Pultzer, dos Estados Unidos ,no final do séculos XIX:

“Jornalista não tem amigos”.

Na exercício do jornalismo, não há amigos a proteger nem inimigos a perseguir, como dizia o jornalista brasileiro Evandro Carlos de Andrade, adaptando a máxima de Pulitzer.

O interesse público é que deve nortear o trabalho jornalístico.