Caso Marielle: Ronnie Lessa delata Domingos Brazão como mandante do assassinato

Atualizado em 23 de janeiro de 2024 às 10:51
Domingos Brazão e Marielle Franco. Foto: reprodução

Ronnie Lessa, o ex-policial militar acusado de assassinar Marielle Franco e Anderson Gomes, delatou Domingos Brazão como um dos mandantes do atentado que resultou na morte da vereadora e de seu motorista, Anderson Gomes. A informação foi confirmada pelo Intercept Brasil, por fontes vinculadas à investigação.

Preso desde março de 2019, Lessa firmou um acordo de delação com a Polícia Federal (PF). No entanto, a homologação do acordo ainda precisa ser realizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), pois Brazão possui foro privilegiado como conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro.

O advogado Márcio Palma, que representa Domingos, afirmou não ter conhecimento dessa informação, acrescentando que tudo o que sabe sobre o caso é baseado no acompanhamento pela imprensa, já que seu pedido de acesso aos autos foi negado com a justificativa de que Brazão não era alvo da investigação.

O também ex-policial militar Élcio de Queiroz, preso por sua participação na morte da vereadora, já havia realizado uma delação em julho do ano passado. À PF, confessou ter dirigido o carro durante o atentado que chocou o país em 14 de março de 2018, no bairro de Estácio, centro do Rio de Janeiro.

A motivação de Brazão

Domingos Brazão, ex-filiado ao MDB, esteve entre os suspeitos do caso e, em 2019, foi formalmente acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de obstruir as investigações.

Brazão ficou afastado do cargo de conselheiro no TCE por quatro anos, após sua prisão em 2017, na Operação Quinto do Ouro, desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro, sob a acusação de receber propina de empresários.

A principal hipótese para a ordem de Domingos Brazão no atentado contra Marielle seria vingança contra Marcelo Freixo, ex-deputado estadual pelo Psol, atualmente no PT, e presidente da Embratur.

Quando era deputado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Domingos Brazão envolveu-se em disputas sérias com Marcelo Freixo, que Marielle Franco apoiou por 10 anos até sua eleição como vereadora em 2016.

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Domingos Brazão. Foto: reprodução

Domingos Brazão foi citado, em 2008, no relatório final da CPI das milícias, presidida por Freixo, como um dos políticos liberados para fazer campanha em Rio das Pedras.

Marcelo Freixo teve papel fundamental na Operação Cadeia Velha, deflagrada pela Polícia Federal em novembro de 2017, cinco meses antes do assassinato da vereadora. Nessa ocasião, nomes importantes do MDB no estado foram presos, incluindo os deputados estaduais Paulo Melo e Edson Albertassi, e Jorge Picciani, que faleceu em maio de 2021.

Freixo defendeu a manutenção da prisão dos três deputados no plenário da Assembleia Legislativa. A Comissão de Constituição e Justiça da casa votou, em 17 de novembro de 2017, um relatório favorável à soltura dos deputados. Freixo enfatizou sua posição contrária aos colegas da Casa.

Em maio de 2020, quando foi debatida a federalização do caso Marielle, a ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), informou que a Polícia Civil do Rio e o Ministério Público trabalharam com a possibilidade de Domingos Brazão ter agido por vingança.

“Cogita-se a possibilidade de Brazão ter agido por vingança, considerando a intervenção do então deputado Marcelo Freixo nas ações movidas pelo Ministério Público Federal, que culminaram com seu afastamento do cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro”, diz o relatório da ministra.

“Informações de inteligência aportaram no sentido de que se acreditou que a vereadora Marielle Franco estivesse engajada neste movimento contrário ao MDB, dada sua estreita proximidade com Marcelo Freixo”.

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