Caso Silvio Almeida traz distorções da pauta identitária e punitivismo da Lava Jato, diz cientista político

Atualizado em 7 de setembro de 2024 às 19:57
Silvio Almeida e Anielle Franco

O cientista político Leonardo Avritzer, pesquisador da UFMG e um dos participantes da pesquisa “A Cara da Democracia”, comentou em suas redes o caso do ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida, demitido após a ONG Me Too acusá-lo de assédio sexual contra mulheres, incluindo a colega Anielle Franco, da Igualdade Racial:

Acho que essa foi uma semana trágica para a pauta de direitos no Brasil.

Todas as distorções que vemos na forma como a pauta identitária se manifesta no país foram trazidas para dentro do governo com consequências dramáticas que ainda irão se manifestar plenamente.

Não me posiciono em relação aos fatos porque acho que situações desse tipo têm que ser investigadas com os instrumentos do Estado de Direito, a menos que queiramos defender na esquerda o punitivismo trazido à política pela Operação Lava Jato.

São dois atores e autores importantíssimos com contribuições decisivas para o pensamento e a prática de esquerda no país, a ideia de racismo estrutural e a continuidade da luta pela população negra de baixa renda no Brasil.

Jamais essa disputa poderia ser travada dessa forma, com denúncias a ONGs ao invés da Comissão de Ética da Presidência da República e disputas abertas nas redes sociais. Saem perdedores a pauta de direitos, o governo e a esquerda no Brasil.