
O desembargador Macário Ramos Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), foi preso nesta terça (16), durante a segunda fase da Operação Unha e Carne, da Polícia Federal. A corporação investiga o vazamento de informações sigilosas para membros do Comando Vermelho.
Júdice Neto foi afastado da magistratura por 18 anos e retornou ao cargo há dois, assumindo o posto de desembargador após uma série de controvérsias. Ele é o relator de um processo envolvendo o ex-deputado Thiago Raimundo dos Santos, conhecido como TH Joias, preso por sua ligação direta com a facção criminosa.
Segundo as investigações, o desembargador teria agido para favorecer o grupo, facilitando suas atividades criminosas. Esta nova fase da operação ocorre meses após a detenção do ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar, por envolvimento no mesmo esquema de corrupção.
O desembargador teve uma carreira marcada por controvérsias. Em 2005, ele foi afastado do cargo de juiz federal no Espírito Santo, em razão de investigações que apontavam sua participação em um esquema de venda de sentenças relacionadas à máfia dos caça-níqueis.
Embora tenha sido absolvido em 2015, o desembargador permaneceu afastado devido a um processo administrativo disciplinar (PAD) sobre o mesmo tema, que se arrastou por anos. Em 2022, após a análise do processo no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o órgão determinou sua reintegração, considerando que o prazo para julgamento do caso havia sido extrapolado.

Mesmo assim, ele ainda enfrentava uma decisão de afastamento por improbidade administrativa, expedida pelo TRF-2. Em 2023, Júdice Neto foi promovido a desembargador federal, após ser o primeiro da lista de antiguidade.
Agora, o desembargador está preso na sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Sua prisão está relacionada à investigação que apura a ligação de agentes públicos com grupos criminosos, conforme determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na decisão sobre a ADPF nº 635/RJ, que trata das favelas no Rio de Janeiro.
A ação da PF é parte desse processo de investigação sobre a atuação de facções criminosas no estado. Flávia Júdice, esposa do magistrado, também foi mencionada nas investigações. Ela atuava no gabinete da diretoria-geral da Alerj até o início de novembro, quando a investigação sobre TH Joias já estava em curso.
A Polícia Federal ainda não detalhou se o envolvimento de Flávia tem relação direta com o caso, embora seu nome apareça no inquérito como uma possível conexão institucional.