Castro convida Moraes para supervisionar ações de segurança do Rio após chacina

Atualizado em 30 de outubro de 2025 às 8:03
Cláudio Castro, governador do RJ. Foto: reprodução

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou em reunião com integrantes do Ministério da Justiça, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal que convidou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para ir pessoalmente ao estado supervisionar as ações das forças de segurança. O encontro ocorreu após a operação policial mais letal da história do Rio, uma chacina que deixou 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha.

Segundo Daniela Lima, do UOL, relatos de participantes da reunião afirmam que Moraes aceitou o convite e deve visitar a capital fluminense até o fim da próxima semana.

O Rio está sob acompanhamento direto do Supremo porque tramita na Corte uma ação que estabelece limites para a atuação das polícias estaduais em operações nas favelas. O processo, que agora está sob relatoria de Moraes, define parâmetros para reduzir abusos e garantir maior controle judicial sobre a letalidade policial.

Ex-secretário de Segurança de São Paulo, ex-promotor do Ministério Público e ex-ministro da Justiça, Alexandre de Moraes conquistou maioria no STF para impor balizas à atuação das forças de segurança no Rio. O ministro avalia agora se houve má condução das ações durante a operação desta semana, considerada a mais violenta já registrada no estado.

Vista aérea mostra dezenas de pessoas deitadas lado a lado no meio de uma rua, cercadas por um grupo maior de manifestantes em pé. Três ambulâncias laranjas estão estacionadas próximas, e há veículos e construções ao redor. A cena ocorre em área urbana durante o dia.
Corpos enfileirados em praça na Penha, zona norte do Rio – Eduardo Anizelli/Folhapress

O balanço oficial indica 121 mortos, quatro policiais e 117 suspeitos de envolvimento com o tráfico, além de 113 prisões, sendo 33 de pessoas de outros estados e 10 menores de idade. As forças de segurança apreenderam 91 fuzis, 26 pistolas, um revólver e toneladas de drogas ainda não contabilizadas.

Durante entrevista coletiva, o governador Cláudio Castro classificou a operação como um “sucesso” e afirmou que apenas os quatro policiais mortos devem ser considerados “vítimas”.

“Foi a ação mais complexa e importante da história recente do estado”, disse o governador. Ele não comentou, porém, o achado de dezenas de corpos por moradores em uma área de mata no Complexo da Penha, fato que ainda não consta nas estatísticas oficiais.

O secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, explicou que a operação envolveu o que chamou de “Muro do Bope”, estratégia utilizada para cercar os criminosos na Serra da Misericórdia e empurrá-los em direção à mata. “A ideia foi avançar pela serra para cercar os criminosos e impedir a fuga. Outras equipes do Bope já estavam posicionadas na parte superior do morro”, afirmou o coronel.

O caso provocou forte repercussão dentro e fora do país. Organizações de direitos humanos denunciaram o número elevado de mortes e pediram acompanhamento internacional. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) foi acionada por entidades brasileiras para observar o cumprimento das decisões do Supremo sobre a atuação policial no Rio.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.