Cauã Reymond não dá conta do recado. Por Nathalí

Atualizado em 12 de junho de 2024 às 14:33
O ator e modelo Cauã Reymond. Foto: Reprodução

Está em todas as manchetes: o galã Cauan Reymond – ovacionado apenas por corresponder a um padrão de beleza já quase ultrapassado – tem uma lista de exigências para dar a uma mulher a honra de namorar com ele.

Tem que ser caseira, treinar, cuidar da alimentação, acordar cedo, rir baixo e não ser uma mulher “espalhafatosa”.

Para além da mensagem clara que ele passa – de que ele claramente precisa se esforçar muito pra gostar de mulheres – existe um detalhe importante que não podemos deixar de observar: um homem que exige tanto de uma mulher é, não raramente, um homem que não dá conta do recado.

Fábio Júnior já cantou: “eu quero uma mulher de coloridos modos, que morda os lábios sempre que for me abraçar…”

A revista Veja não ficou pra trás: como esquecer do jargão “bela, recatada e do lar”, que descrevia o comportamento da então primeira-dama Marcela Temer?

Esses dois exemplos têm algo em comum com a interminável lista de exigências de Cauã: a dificuldade que têm os homens de masculinidade frágil em se relacionarem com mulheres autênticas.

Dar conta de uma mulher que tem opinião própria, sabe se divertir, inventa o ritmo da própria vida e ri alto não é pra qualquer um.

O modelo de mulher quietinha, apagada e quase invisível na tentativa de não ser “espalhafatosa” é justamente o modelo de mulher fácil de lidar – que pode significar, não raro, uma mulher que se anula pelo outro.

Ajudar sua mulher a brilhar, aplaudi-la e não se sentir diminuído pela sua grandiosidade exige um exercício hercúleo de não-vaidade.

Roberto de Carvalho, viúvo da eterna Rita Lee, que o diga: amar uma mulher que pertence a si mesma exige muita auto estima (algo saudável, diferentemente do ego), exige um cacife emocional que Cauã Reymond não tem.

Precisar de uma mulher necessariamente discreta revela o medo oculto (talvez oculto até dele mesmo) de ser ofuscado pelo brilho de uma parceira que vive sua essência.

Um homem que se garante – e dá conta do recado – quer ver sua mulher gargalhando alto, vivendo a própria autenticidade, brilhando, enfim.

A vaidade de Cauã Reymond – notória não só nessa fala, mas no jeito com que ele se coloca no mundo – é que o impede de amar uma mulher real.

Há de se ser muito homem pra conseguir amar uma mulher muito mulher.

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Nathalí Macedo
Nathalí Macedo, escritora baiana com 15 anos de experiência e 3 livros publicados: As mulheres que possuo (2014), Ser adulta e outras banalidades (2017) e A tragédia política como entretenimento (2023). Doutora em crítica cultural. Escreve, pinta e borda.