“Celas espartanas”: as suítes dos generais presos por tentativa de golpe

Atualizado em 26 de novembro de 2025 às 11:10
Os generais Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira. Foto: Reprodução

Os generais Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto, condenados pelo STF por tentativa de golpe de Estado, estão detidos em celas descritas como “espartanas”, e o Exército já decidiu que não divulgará imagens dos locais onde eles cumprem a prisão, conforme informações da colunista Carla Araújo, do UOL.

A corporação avalia que não há necessidade de exibir as acomodações, ao contrário do que fez a Polícia Federal (PF) ao mostrar a sala onde Jair Bolsonaro (PL) está preso.

A PF tornou pública a imagem da cela do ex-presidente para desarmar versões bolsonaristas de violação de direitos. No Exército, porém, a avaliação é oposta: considera-se que não há motivo para demonstrar que os generais recebem tratamento adequado dentro das próprias instalações militares.

Esse entendimento foi discutido entre o ministro da Defesa, José Múcio, o comandante do Exército, general Tomás Paiva, e o ministro Alexandre de Moraes.

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O ministro da Defesa, José Múcio, e o comandante do Exército, general Tomás Paiva. Foto: Reprodução

Heleno e Paulo Sérgio foram levados por militares ao Comando Militar do Planalto, em Brasília, enquanto Braga Netto permanecerá detido no Comando da 1ª Divisão de Exército, na zona oeste do Rio de Janeiro.

“Ambiente espartano”

As celas adaptadas para os oficiais — pequenas e com estrutura de suíte simples — incluem cama, banheiro, TV e escrivaninha. Há janelas, mas elas deverão permanecer fechadas.

A descrição de “ambiente espartano” reflete tanto a austeridade do espaço quanto a tradição de disciplina militar que inspira a referência à antiga Esparta, marcada pela simplicidade e pela resistência ao conforto.

Em nota, o Centro de Comunicação Social do Exército afirmou: “Após os procedimentos penais previstos, os generais encontram-se em instalações dessa Unidade Militar. A rotina dos Oficiais-Generais seguirá as normas vigentes aplicadas à custódia de militares em organizações do Exército.”

Militares podem receber até R$ 2 milhões por ano mesmo sem patente

Mesmo após perderem posto e patente em eventual decisão do Superior Tribunal Militar (STM), os militares condenados pela trama golpista — incluindo Bolsonaro — continuarão recebendo remunerações que, somadas, chegam a aproximadamente R$ 2 milhões por ano. Pela legislação, quando um oficial é declarado indigno, o soldo não é extinto: apenas passa a ser pago às famílias.

Entre os condenados que tiveram o trânsito em julgado decretado por Moraes nesta terça-feira (25), o general Augusto Heleno, de 78 anos, é quem possui o maior rendimento: R$ 38.144,69 mensais. Ele cumprirá pena no Comando Militar do Planalto, em Brasília.

Logo atrás aparecem o almirante Almir Garnier (R$ 37.585,59) e os generais Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto (R$ 36.881,74 cada), todos agora presos por ordem do STF.

Com a menor patente entre eles, Bolsonaro — capitão reformado — recebe R$ 12.861,61 por mês de aposentadoria militar. Se perder a patente, o valor será transferido à esposa, Michelle Bolsonaro, e à filha Laura. Além do soldo, o ex-presidente mantém o salário como ex-deputado federal, fixado em R$ 30.265.