
O assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, afirmou nesta quarta-feira (11) que ele e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já foram acusados de antissemitismo, mas que não se incomodam com as críticas. A declaração foi feita durante reunião com deputados de esquerda que pedem o rompimento de relações diplomáticas com Israel. Com informações do Estadão.
“As condenações (à postura do governo de Israel) têm sido claras e evidentes. O presidente e eu próprio já fomos acusados de antissemitas. Evidentemente a gente não pode se incomodar com isso. A gente faz o que a gente acha que é justo”, disse Amorim, em meio às críticas ao governo de Israel pela atuação na Faixa de Gaza.
Amorim participou do encontro ao lado de deputados do PT, PCdoB e PSOL, que pediram ao ex-chanceler que o Brasil denuncie Israel em órgãos internacionais por crimes de guerra. Entre os presentes estavam Paulo Pimenta (PT-RS), Maria do Rosário (PT-RS) e Natália Bonavides (PT-RN).
Hoje acompanhei, na Presidência da República, uma reunião conjunta entre parlamentares com o Embaixador Celso Amorim, assessor especial para assuntos internacionais, sobre as relações do governo brasileiro com Israel e a grave situação do genocídio em curso na Palestina.
É dever… pic.twitter.com/Jp881FSPdp
— Maria do Rosário (@mariadorosario) June 11, 2025
Embora não tenha confirmado medidas específicas, Amorim afirmou que o governo estuda uma reação oficial. Segundo ele, é necessário considerar os impactos de qualquer decisão para brasileiros e palestinos, pois o rompimento pode ser prejudicial: “É preciso levar em conta algo que não prejudique os próprios brasileiros e os próprios palestinos”.
O assessor também classificou os ataques de Israel na Faixa de Gaza como a “maior barbárie” que presenciou: “É a maior barbárie desde o momento em que estou vivo e consciente. O governo de Israel tem se comportado de uma maneira totalmente contrária, não só o que é moral e ético, que obviamente acontece, mas até a prática emocional”.
Amorim ressaltou a importância de diferenciar “o povo judeu, ao qual nós devemos muito” e o Estado de Israel, “que bem ou mal foi reconhecido pela ONU”.
A pressão sobre o governo brasileiro se intensificou após a detenção do ativista Thiago Ávila, que integrava uma missão humanitária rumo a Gaza liderada por Greta Thunberg. O caso gerou revolta entre parlamentares de esquerda, que exigem uma posição mais dura do Brasil diante das ações israelenses.
⚠️ URGENTE: Informe sobre a reunião com embaixador Celso Amorim sobre a necessidade de o Brasil adotar medidas concretas de sanções ao Estado Genocida de Israel! pic.twitter.com/2wYGZLAzHN
— Natália Bonavides (@natbonavides) June 11, 2025
Procurado, Celso Amorim reiterou seu repúdio a todas as formas de antissemitismo. Ele afirmou que suas declarações estão alinhadas com “vozes israelenses e judaicas que condenam a escalada de violência e as violações do direito internacional”.
Em contrapartida, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) criticou Amorim por desvio “da nossa tradição de moderação e equilíbrio no Oriente Médio”. Segundo a entidade, a postura do assessor contribuiu para a perda de projeção internacional do Brasil e o alinhamento com “ditaduras e autocracias”.
Durante o encontro, Amorim também lamentou a recente aprovação unânime no Senado Federal do Dia da Amizade Brasil-Israel, com apoio inclusive de senadores do PT: “Lamentamos muito, por exemplo, que tenha havido agora a coincidência dessa amizade com Israel. São coisas que nos incomodam profundamente”.