Celso Amorim teme conflito entre Venezuela e Guiana: “Essas coisas às vezes saem do controle”

Atualizado em 4 de dezembro de 2023 às 11:56
Celso Amorim. Foto: reprodução

O ex-chanceler do Brasil e conselheiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assuntos internacionais, Celso Amorim, expressou preocupação com a tentativa da Venezuela de anexar a rica região de Essequibo, localizada na Guiana e repleta de reservas petrolíferas.

No referendo realizado no último domingo (3), houve um expressivo apoio dos eleitores venezuelanos à incorporação da região em disputa. Mais de 95% dos eleitores aprovaram as cinco questões propostas pelo governo, conforme divulgado pela autoridade eleitoral local.

Amorim, ao analisar a situação, ponderou que embora não haja intenção imediata de um conflito militar por parte da Venezuela, existe o risco de a situação “fugir do controle”. “Essas coisas às vezes saem do controle”, disse ao Valor Econômico. Ele ainda enfatizou que essa questão poderia abrir espaço para a presença de exércitos estrangeiros na América do Sul.

“Não vejo uma intenção de escalada por parte do presidente Maduro, mas há o risco de que essa questão saia do controle. Misturar uma reivindicação jurídica e histórica com a mobilização da opinião popular é arriscado”, afirmou.

O ex-chanceler destacou que esta reivindicação histórica da Venezuela, embora tenha estado adormecida por um tempo, ressurgiu de repente, impactando a agenda da região. Ele observou que isso poderia criar complicações no projeto de integração sul-americana, afetando as relações com a Guiana e com a Venezuela.

Celso Amorim e Nicolás Maduro. Foto: reprodução

Amorim também mencionou um encontro anterior com Maduro, onde o presidente venezuelano forneceu explicações históricas sobre a questão, mas ressaltou que a ressurgência desse assunto em momento atual permanece um mistério.

“A questão é que essa situação, embora possa parecer um ganho interno para eles, pode se tornar um grande problema externo. Complicaria nosso desejo de manter boas relações com ambos os países, Venezuela e Guiana. Isso pode levar a medidas que não nos interessam, como chamar tropas estrangeiras para proteção em caso de invasão, algo que não seria benéfico”, concluiu.

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