
Dirigentes do União Brasil em diversos estados enfrentam uma série de desgastes no decorrer de 2025 devido a investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF) que atingem tanto os próprios caciques do partido quanto seus aliados próximos.
Entre os casos mais recentes, destaca-se a prisão do deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar, acusado de vazar informações sobre uma operação da PF contra o deputado estadual TH Joias (MDB).
Além disso, investigações que envolvem desvios de emendas parlamentares e o uso de fundos de previdência em papéis do Banco Master também têm minado a reputação de lideranças do União Brasil.
O presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda, e os deputados Elmar Nascimento (BA) e Pedro Lucas Fernandes (MA), ex e atual líderes do partido na Câmara, estão entre os nomes citados em investigações de diferentes naturezas.
Essas apurações têm enfraquecido a imagem da sigla, enquanto a relação entre o partido e o governo Lula se deteriora. Em resposta, o União Brasil ordenou que seus filiados entregassem seus cargos no governo nos últimos meses.
Embora Rueda não tenha sido formalmente investigado, ele foi citado em investigações relacionadas às operações Carbono Oculto e Poço de Lobato, que apuram fraudes e sonegação no setor de combustíveis.
A operação “Unha e Carne”, que resultou na prisão de Bacellar, também afetou o União Brasil no Rio de Janeiro, estado onde o dirigente preside o diretório estadual. Caso a prisão seja mantida, o desgaste para o partido no Rio será ainda maior.
Rueda, que almeja uma candidatura a deputado federal em 2026, tem demonstrado alinhamento com Bacellar, e no mês passado, pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o partido fosse admitido como defensor dele no julgamento do caso Ceperj, no qual o deputado estadual pode ser cassado por abuso de poder econômico.
Além de suas divergências com o governo Lula, Rueda também foi vinculado a operações que envolvem o tráfico de drogas e fraudes fiscais. Em uma dessas investigações, um piloto de aeronaves afirmou à PF que Rueda seria o verdadeiro dono de aviões usados por uma facção criminosa.

Em outra operação, a empresa Refit, cujo dono tem laços com Rueda, foi investigada por supostas irregularidades. O dirigente do União Brasil negou qualquer envolvimento com os crimes, mas a associação tem prejudicado a imagem do partido.
O escândalo envolvendo o Banco Master também afetou o União Brasil. O banco foi liquidado pelo Banco Central em novembro de 2025 por suspeita de gestão fraudulenta, e a operação “Compliance Zero” da PF resultou na prisão do proprietário Daniel Vorcaro.
Fundos de previdência estaduais, como o Rioprevidência no Rio de Janeiro, foram apontados como os principais compradores de papéis do banco, com investimentos que somam centenas de milhões de reais. Deivis Antunes, aliado do União Brasil no estado, foi o responsável por esses investimentos.
Além do Rio, outros estados, como Amapá e Amazonas, também se viram envolvidos no escândalo. Institutos de previdência desses estados realizaram investimentos consideráveis em papéis do Banco Master.
O instituto de previdência do Amapá, dirigido por Jocildo Lemos, e o do Amazonas, cujos investimentos foram autorizados por Ary Renato Vasconcelos, ex-presidente do fundo, estão sob investigação. Ambos os dirigentes são ligados ao União Brasil, embora neguem envolvimento em qualquer irregularidade.
As investigações sobre emendas parlamentares também têm afetado a imagem do partido. O deputado Elmar Nascimento (BA) foi citado em uma apuração sobre o desvio de recursos destinados ao município de Campo Formoso, sua base eleitoral.
Em outro caso, Pedro Lucas Fernandes (MA), sucessor de Elmar na liderança do União Brasil na Câmara, foi citado em uma investigação sobre o destino de emendas que ele destinou à prefeitura de Arari (MA). Fernandes afirmou que cabe à prefeitura prestar contas do uso dos recursos.
Além dessas investigações, a PF também conduz apurações sobre o desvio de recursos públicos em Alagoas e Sergipe. Em Alagoas, Luciano Cavalcante, presidente do diretório estadual do União Brasil, foi investigado por irregularidades na compra de kits de robótica com verba do orçamento secreto.
Já em Sergipe, o ex-deputado André Moura firmou um acordo de não persecução penal com o STF após ser acusado de desvio de recursos públicos na prefeitura de Pirambu.