Centrão jogou Bolsonaro aos leões em negociações pela PEC da Blindagem; entenda

Atualizado em 17 de setembro de 2025 às 12:45
O ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução

O Centrão tentou articular um acordo com o PT e o governo para aprovar a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Blindagem, que dificulta a prisão e abertura de processos contra parlamentares. Partidos do bloco se dispuseram a votar contra o projeto do PL que propõe anistia ampla ao ex-presidente Jair Bolsonaro e aos envolvidos no 8 de Janeiro.

Segundo a coluna de Vera Rosa no Estadão, o objetivo principal do Centrão é se proteger de investigações da Polícia Federal autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A proposta causou uma divisão interna no PT.

Em reunião com o presidente do partido, Edinho Silva, parte da bancada considerou incoerente se aliar a partidos investigados enquanto o presidente Lula tenta combater privilégios. Mesmo assim, alguns petistas admitiram que poderiam apoiar a proposta, justificando que os fins poderiam justificar os meios.

O resultado foi uma votação dividida. No primeiro turno, 51 deputados petistas votaram contra a PEC, enquanto 12 foram favoráveis. Enquanto isso, Gleisi Hoffmann, ministra de Relações Institucionais, se reuniu no Planalto com integrantes do Centrão e do MDB. Ficou acertado que ministros licenciados retornariam à Câmara para ajudar o governo a barrar a anistia ampla defendida pelo PL.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), ao lado de deputados durante a votação da PEC da Blindagem, nesta terça (16). Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Do outro lado, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), busca reduzir a pressão política. O Centrão, apesar de manifestar apoio público a Bolsonaro, não faz questão de protegê-lo e quer viabilizar a candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para a Presidência em 2026.

O PL, por sua vez, quer uma anistia que perdoe crimes desde 2019, ano em que começou o inquérito das fake news no STF. A pressão cresceu após Valdemar Costa Neto admitir que houve “planejamento” de um golpe, declaração que depois tentou relativizar.

No Senado, porém, o cenário é outro. O presidente Davi Alcolumbre (União-AP) afirmou que não colocará em votação um projeto amplo de perdão, aceitando apenas discutir a redução de penas em casos de “crimes de multidão”.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.