O Pantanal e o Cerrado registraram um recorde de incêndios no Brasil desde que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) iniciou o monitoramento das queimadas no Brasil, em 1988. No Pantanal, foram detectados 3.262 focos entre até 23 de junho de 2024, um número 22 vezes maior que o registrado no mesmo período de 2023. Este bioma superou o número de queimadas do primeiro semestre de 2020, quando foram contabilizados 2.534 focos, culminando em 22.116 focos ao final daquele ano.
No Cerrado, já são 12.097 focos de incêndio desde o início do ano, representando um aumento de 32% em comparação com o mesmo período do ano passado. Desse total, 53% das áreas atingidas estão na região de Matopiba, que abrange os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, e é a principal fronteira agrícola do Brasil.
As chuvas escassas foram insuficientes para encher os rios, e a mudança climática, juntamente com atividades humanas, está fortemente relacionada ao aumento das queimadas.
“As cabeceiras do Pantanal, por exemplo, são áreas prioritárias para a preservação e restauração do bioma, e elas estão no Cerrado, que conecta áreas importantes da Amazônia. E todos esses biomas vêm sendo sistematicamente desmatados”, afirmou Cyntia Santos, analista de conservação da ONG WWF-Brasil, ao Uol.
São João em Corumbá tá pegando fogo…
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A analista também enfatizou a importância de um esforço conjunto para controlar o desmatamento e recuperar áreas degradadas, aumentando a resiliência das espécies frente às mudanças climáticas.
Na Amazônia, por exemplo, foram registrados 12.696 focos de queimadas entre 1º de janeiro e 23 de junho, uma alta de 76% em comparação com o mesmo período do ano passado, após dois anos consecutivos de baixas, em 2022 e 2023. Esse número só fica abaixo dos incêndios registrados nos primeiros semestres de 2003 e 2004, que contabilizaram 14.667 e 14.486 focos, respectivamente.
Em decorrência dos incêndios, o governo de Mato Grosso do Sul decretou situação de emergência nesta segunda-feira (24). Até este domingo (23), a área queimada no bioma chegou a 627 mil hectares, sendo 480 mil em no estado e 148 mil em Mato Grosso.
O decreto foi publicado no Diário Oficial do Estado e permite licitações mais céleres, sem edital, para ações emergenciais nas áreas afetadas. A medida tem validade de 180 dias e autoriza que a Defesa Civil mobilize órgãos estaduais para atuar na tragédia.