Chacina põe o fascismo e os cheiradores em estado de euforia. Por Moisés Mendes

Atualizado em 29 de outubro de 2025 às 12:55
Corpos enfileirados em praça na Penha, no Rio. Foto: reprodução

A matança no Rio faz a festa do governador bolsonarista Claudio Castro e dos cheiradores de cocaína da extrema direita. Castro joga para a torcida, como se pretendesse ser a versão verde-amarela de Nayib Bukele.

Brilha sob aplausos dos cheiradores brancos da Faria Lima e zonas assemelhadas, que atacaram Lula pela frase torta sobre usuários de drogas e traficantes.

Ambos, Castro e os cheiradores, sabem que a matança de bandidos não significa a morte da bandidagem. Porque o mercado estará garantido pela reprodução permanente dos quadros e das lideranças do crime organizado.

Os cheiradores moralistas não seriam nada mais do que cheiradores (e que cada um cheire o que bem entender) se não formassem a claque da turma de Claudio Castro na tentativa de ‘politizar’ a frase de Lula.

Se Lula comete uma barbeiragem e permite que eles explorem o deslize, que Castro e os cheiradores da extrema direita respondam logo e com contundência: nós temos equipes de matadores dos bandidos que Lula trata com leniência.

O cheirador diz: matem quem me abastece, porque amanhã teremos dois ou três no lugar de cada morto. Direita e extrema direita aplaudem a matança no Rio por oferecer ganhos políticos ao bolsonarismo extremado ou moderado.

O cheirador admirador de Castro está certo de que Lula e o governo ficarão mal. Nas farsas que reproduzem, é a direita que combate o narcotráfico, como Trump faz bombardeando barcos no Caribe.

Corpos enfileirados na Praça da Penha, no Rio. Foto: Betinho Casas Novas/g1

Castro fez, em escala industrial, o que ele e outros governadores já vinham fazendo no varejo de forma intermitente, matando bandidos e também inocentes que estiverem no lugar errado.

A chacina dessa terça-feira inaugura, se o Ministério Público deixar, a era dos massacres em massa. É uma marca que ficará com Castro para sempre, a do governador que decidiu partir pra cima do crime organizado para matar cem num dia só. Quase conseguiu.

E o cheirador branco, com dinheiro em orçamento para a cocaína diária que o deixa inteligente, esse se diverte. A chacina teria o poder de dizer aos outros brancos moralistas que Castro faz o que Lula não faria.

O cheirador que Lula tentou enquadrar com uma síntese impossível numa entrevista, esse já é também uma categoria importante do bolsonarismo, ao lado do racista, do homófobo, do xenófobo e do misógino.

O cheirador branco da Faria Lima e de suas franquias pelo Brasil, que lava dinheiro do PCC, é a parte chique, cruel e macabra do fascismo. O cheirador tenta pegar Lula pela palavra e aplaude a chacina de seus fornecedores.

Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/