Chacina põe os jornalões na campanha da direita para 2026. Por Moisés Mendes

Atualizado em 31 de outubro de 2025 às 10:21
Corpos enfileirados em praça na Penha, zona norte do Rio. Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress

Esses são os temas dos editoriais dos jornalões nesta quinta-feira, no primeiro dia depois da chacina, em que poderiam refletir com calma sobre o que aconteceu:

O Globo

“Operação policial no Rio foi resultado de planejamento”
(O foco está na pretensa “racionalidade” e nos métodos que explicariam a “operação”, defendida pelo jornal.)

Editorial do jornal O Globo. Foto: Reprodução

Folha

“Gasto público desordenado afeta acesso a livros didáticos”
(No meio da matança, volta a história do arcabouço, com o pretexto da defesa da educação.)

Editorial da Folha de S.Paulo. Foto: Reprodução

Estadão

“Castro reafirma o fracasso de um modelo de segurança que há décadas transforma o Rio em praça de guerra”
(A pauta central não é a crítica à chacina, mas ao modelo de segurança, sempre com o clichê da guerra ao tráfico.)

Editorial do Estadão. Foto: Reprodução

A conclusão mais elementar, dois dias depois da matança, é esta: os jornalões não querem ficar mal com seu público, cada vez mais reacionário e conectado ao bolsonarismo. Mas há algo mais, como veremos no final deste texto.

E assumem essa postura de adesão à matança, mesmo que todos os jornais informem — porque saiu da boca de Cláudio Castro — que quase todos os assassinados foram atraídos para a mata onde aconteceria a chacina planejada.

E, para não deixar dúvidas, as manchetes da Folha e do Estadão tentam justificar o massacre com informações sobre as crueldades do Comando Vermelho. Sem nenhuma novidade.

O jornalismo das corporações faz hoje o que vem fazendo há muito tempo: submete-se ao comando verde-amarelo dos justiceiros em cargos públicos.

Como fez no golpe contra Dilma e na caçada lavajatista que encarcerou Lula por 580 dias. A matança do Rio coloca os jornalões na campanha da direita para 2026.

Globo, Folha e Estadão aderem à turma de governadores que já manifestaram apoio a Castro. Os de sempre: Caiado, Zema, Leite, Jorginho Mello e outros que devem ir ao Rio hoje (Tarcísio ainda estaria em cima do muro).

A direita tem a pauta da matança para tentar ressuscitar, com o apoio da mídia golpista.

Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/