“Chamei o caçula: filho, a partir de hoje acabou esse papo de acreditar que temos direitos”

Atualizado em 19 de fevereiro de 2018 às 22:35
Tropas do Exército fazem patrulha pelas ruas da Rocinha (FOTO José Lucena/Futura Press)

Publicado no Facebook de Rosiane Rodrigues, pesquisadora no Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos

Chamei o caçula, expliquei a situação e fiz todas as recomendações:

“Filho, a partir de hoje acabou esse papo de acreditar que temos direitos. Estamos sob intervenção militar. Isso significa que se um cara do exército cismar com a tua cara, eu não tenho a quem recorrer. Não tem ministério público, não tem nada, não tem justiça, entendeu??

O Rio está sendo governado por um general que não dá satisfação nem para o governador, nem para ninguém. É ele quem decide o que fazer, com quem fazer e aonde fazer. É uma ditadura.

Você não sabe o que é, mas vai entender…. então, você tem 13, mas parece que tem 16 e tem cara de pobre porque você é negro. A gente mora na CDD… Entendeu? Não pode sair sem documento. Está proibido de usar boné, short de tactel e casaco de capuz.

Está proibido de fazer algazarra com seus colegas na volta da escola. Proibido blusa do Flamengo ou de qualquer outro time…. Se você for parado, chame o soldado de senhor, mesmo que ele aparente ter a sua idade. E não faça nenhum movimento brusco. Eu preciso de você vivo, meu filho”.

Não dá para relativizar com a vida dos nossos.