
O ministro das Relações Exteriores da Argentina, Gerardo Werthein, renunciou ao cargo nesta quarta (22), um movimento que acontece em um momento de tensão política no país. Sua saída ocorre poucos dias antes das eleições legislativas de domingo (26), em meio a críticas intensas por parte dos apoiadores do presidente Javier Milei.
O governo argentino está desgastado devido a escândalos envolvendo aliados de Milei, e a decisão de Werthein é vista como uma resposta a essa pressão. A demissão foi lamentada por Guillermo Francos, chefe de gabinete do governo, que disse que ele era imporante nas relações internacionais e nas recentes reuniões entre Milei e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
A menção a Trump revela o principal ponto de desgaste para Werthein. A reunião com o presidente americano não teve o impacto desejado, e o americano declarou que, se a oposição a Milei vencesse, ele deixaria de apoiar a Argentina, o que enfureceu os apoiadores do mandatário e intensificou as críticas ao chanceler.
A situação política e econômica da Argentina também contribui para a tensão, com o governo buscando apoio externo para conter a fuga de capitais antes das eleições. Para ajudar a estabilizar o câmbio, o banco central argentino fechou um acordo de US$ 20 milhões com o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos.

A renúncia de Werthein marca a segunda mudança de chanceler no governo Milei, que tem enfrentado dificuldades em sua política externa. Antes dele, Diana Mondino, que ocupava o cargo desde o início do governo, também foi demitida após desentendimentos com Milei.
Mondino foi forçada a sair devido à sua postura diplomática, que não se alinhava completamente com as exigências do presidente, especialmente em relação à Agenda 2030 da ONU, gerando um clima de desgaste na diplomacia argentina.
Milei tem sido inflexível em sua busca por ministros que compartilhem suas visões, o que resultou na demissão de figuras de destaque em sua equipe. A postura ficou evidente quando, no final de 2023, a delegação argentina na ONU votou contra o embargo a Cuba, o que foi visto como uma transgressão das políticas do presidente, forçando a saída de Mondino.
Entre os cinco nomes cotados para o cargo de Werthein, estão os de Guillermo Francos, chefe de gabinete de Milei, e Luis María Kreckler, cônsul argentino em São Paulo, que já foi embaixador em Brasília. Outros possíveis sucessores incluem Nahuel Sotelo e Úrsula Basset, ambos membros da chancelaria, além de Fulvio Pompeo, ex-secretário de assuntos estratégicos do governo Mauricio Macri.