Chanceler Mauro Vieira avisa Trump que está nos EUA para negociar tarifaço

Atualizado em 28 de julho de 2025 às 13:12
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira. Foto: Divulgação

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, desembarcou neste domingo (27) nos Estados Unidos com a missão de tentar reverter o tarifaço anunciado pelo governo de Donald Trump contra produtos brasileiros. A sobretaxa de 50% sobre importações está prevista para entrar em vigor na próxima sexta-feira, 1º de agosto, e pode impactar fortemente setores estratégicos da economia brasileira.

Segundo fontes, Vieira indicou à Casa Branca que está disposto a viajar até Washington para uma reunião de alto nível, caso o governo americano nomeie um interlocutor com autoridade para negociar. “Se houver interesse genuíno da parte americana, o chanceler está pronto para conversar”, disse uma fonte da cúpula do Itamaraty.

A agenda oficial do ministro, por enquanto, concentra-se em Nova York, onde ele participa de uma conferência na sede da ONU sobre a questão palestina. O evento estava inicialmente previsto para abril, mas foi adiado após a escalada do conflito entre Israel e Irã.

A viagem, no entanto, passou a ter peso adicional diante da crise diplomática provocada pela ameaça tarifária. Na semana anterior, o Itamaraty já havia enviado um emissário a Washington para avaliar se havia disposição do governo Trump para uma conversa em nível ministerial.

O diplomata teve reuniões com representantes da Casa Branca e transmitiu a mensagem de que Mauro Vieira estaria pronto para dialogar, desde que as tratativas fossem estritamente comerciais.

Donald Trump e Lula. Foto: Divulgação

A diplomacia brasileira tem reiterado que não aceita condicionar negociações econômicas a interferências no processo judicial contra Jair Bolsonaro. O ex-presidente é réu por tentativa de golpe de Estado e outras acusações, que tramitam no Supremo Tribunal Federal.

Qualquer concessão nesse campo é vista pelo governo Lula como inaceitável e fora dos limites institucionais. Apesar do gesto do Itamaraty, até agora não houve sinalização formal dos EUA quanto à abertura de uma negociação. Pelo contrário, a Casa Branca tem mantido sua postura de vincular o fim das tarifas a um recuo no caso Bolsonaro.

Enquanto isso, aliados do ex-presidente, como o deputado Eduardo Bolsonaro e o comentarista Paulo Figueiredo, atuam nos bastidores em Washington para pressionar líderes republicanos e reforçar a ofensiva contra o Brasil.

A ofensiva brasileira tenta evitar prejuízos econômicos significativos e manter as relações bilaterais em termos pragmáticos. A expectativa no Itamaraty é de que, mesmo com o endurecimento do discurso de Trump, haja espaço para uma solução diplomática sem ingerência no Judiciário brasileiro.