Chanceler russo nega ataque com drones à Europa e ameaça resposta à Otan na ONU

Atualizado em 27 de setembro de 2025 às 15:42
O Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, discursa na AGNU. Foto: Divulgação

O chanceler russo Sergei Lavrov negou neste sábado (27), em discurso na Assembleia Geral da ONU, que Moscou esteja por trás da onda de drones que têm sobrevoado bases militares e aeroportos de países da Otan nas últimas semanas.

A presença dessas aeronaves em espaços estratégicos da Europa acendeu alertas de segurança e levou governos a falarem em “ataque híbrido” da Rússia, algo rejeitado por Lavrov. Segundo o ministro das Relações Exteriores, as acusações contra Moscou não passam de provocações.

“A Rússia está sendo acusada de quase planejar um ataque à Otan e à União Europeia. O presidente Putin tem repetidamente desmentido essas provocações”, afirmou. O discurso ocorreu em um plenário menos cheio, mas ainda com mais delegações presentes do que na fala de Benjamin Netanyahu, premiê israelense, no dia anterior.

Lavrov substituiu o presidente Vladimir Putin, que não viajou a Nova York por ser alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional. O chanceler também alertou que “qualquer agressão contra meu país será recebida com uma resposta decisiva”, em alusão às ameaças de retaliação da Otan caso o espaço aéreo europeu continue a ser violado por drones.

As declarações ocorrem após um novo episódio na chamada “crise dos drones”. Na noite de sexta (26), a polícia da Dinamarca informou que aeronaves não tripuladas foram vistas sobrevoando por horas a base militar de Karup, no norte do país.

O aeroporto de Midtjylland chegou a ser fechado temporariamente, e autoridades investigam o caso em conjunto com o Exército. Diante da escalada, ministros da Defesa de dez países do leste europeu concordaram em criar um “muro antidrones”, com sistemas de detecção e interceptação avançados.

A proposta será debatida por líderes da União Europeia em cúpula marcada para a próxima semana em Copenhague. Para o comissário europeu de Defesa, Andrius Kubilius, “é urgente aprender com a experiência da Ucrânia e agir rapidamente”.

A preocupação é reforçada pela primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, que declarou que seu país foi vítima de “ataques híbridos” e apontou diretamente a Rússia como responsável. Já Moscou, em comunicado de sua embaixada em Copenhague, classificou os incidentes como “provocação encenada”.

O tema ganhou ainda mais relevância depois que a Dinamarca anunciou, dias antes, a aquisição de armas de longo alcance para reforçar suas capacidades militares diante do que considera uma ameaça russa. Outros países, como Alemanha, Polônia e Romênia, também relataram sobrevoos suspeitos em áreas sensíveis.

Enquanto isso, a Comissão Europeia reservou 6 bilhões de euros para o desenvolvimento de uma aliança de drones em parceria com a Ucrânia. A presidente Ursula von der Leyen disse que a medida busca responder ao chamado dos países bálticos e preparar o continente para enfrentar uma guerra cada vez mais marcada pelo uso de aeronaves não tripuladas.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.