
A nova onda protecionista do governo Trump impôs tarifas pesadas a países parceiros, mas nem todos saíram no prejuízo. A poucos dias da entrada em vigor das taxas elevadas, algumas nações conseguiram negociar concessões bilaterais com os Estados Unidos, cedendo em áreas estratégicas para evitar o tarifaço.
A União Europeia assegurou a redução da tarifa de 30% para 15% após se comprometer com um investimento robusto: US$ 600 bilhões na economia americana e US$ 750 bilhões no setor de energia.
O Japão, por sua vez, conseguiu baixar suas tarifas de 25% para 15%, após anunciar aportes de US$ 550 bilhões nos EUA e abrir mais seu mercado agrícola e automotivo. Já a Indonésia eliminou barreiras tarifárias para produtos dos EUA, obteve corte de impostos de 32% para 19% sobre seus produtos e concordou em comprar US$ 15 bilhões em mercadorias americanas.

Outros países também fizeram concessões expressivas. As Filipinas aceitaram manter tarifa de 19% sobre seus produtos em troca de isenção total para itens americanos e estreitaram a cooperação militar com Washington.
O Vietnã aceitou abrir completamente seu mercado e zerar tarifas para os EUA, em troca de redução da sua taxa de exportação de 46% para 20%. O Reino Unido, primeiro a negociar no segundo mandato de Trump, obteve uma alíquota de 10% com isenção para o setor aeroespacial, enquanto reduziu de 5,1% para 1,8% a média das tarifas aplicadas a bens americanos.
Com a China, houve apenas uma trégua temporária: tarifas foram reduzidas de 145% para 30% por 90 dias, durante os quais os chineses mantêm uma tarifa de 10% sobre produtos dos EUA.
Já países como Argentina, Índia, Malásia, Taiwan, Coreia do Sul e Bangladesh seguem em tratativas. Bangladesh, inclusive, encomendou 25 aviões da Boeing como gesto político. A Coreia promete um pacote de concessões nos próximos dias, e a Argentina tenta excluir 80% do comércio bilateral da nova tarifa.
Em nenhum outro país, contudo, registrou-se uma ofensiva tão grave contra a soberania nacional quanto no caso brasileiro. Entre as exigências apresentadas pelos Estados Unidos está a suspensão do julgamento de Jair Bolsonaro por seu envolvimento na tentativa de golpe que visava impedir a posse do presidente Lula e eliminar o ministro Alexandre de Moraes.