Chantagem: Paulinho da Força diz que isenção do IR só anda se dosimetria for votada

Atualizado em 24 de setembro de 2025 às 17:20
O deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP). Foto: Agência Câmara

Em reunião de mais de duas horas com a bancada do PT, o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) afirmou que a votação do projeto do Imposto de Renda (IR) só ocorrerá se antes for votado o projeto de dosimetria das penas para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro.

A fala causou surpresa. Paulinho não tem poder de pautar matérias na Câmara. A declaração, no entanto, levantou a suspeita de que exista alguma costura política ainda não revelada entre ele, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o relator do IR, Arthur Lira (PP-AL).

Anistia em disputa

Na reunião, que também contou com o deputado Fred Costa (PRD-MG) e toda a bancada petista, voltou à tona o impasse sobre a anistia aos envolvidos no 8 de janeiro.

O projeto de Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), que prevê anistia ampla e irrestrita, deve ser votado já na próxima semana, possivelmente terça ou quarta-feira.

O texto da dosimetria, defendido por Paulinho, ainda não está pronto e foi apresentado como alternativa, mas não tem apoio consolidado.

O PT reafirmou que não aceitará qualquer proposta de anistia, enquanto Paulinho defendeu que o perdão ajudaria a “pacificar o país”.

Segundo a deputada Maria do Rosário (PT-RS), até o PL estaria dividido: parte da legenda defende anistia a Bolsonaro, mas há resistência interna.

Paulinho da Força em reunião com bolsonaristas. Foto: Divulgação/Solidariedade

Resistência jurídica

Parlamentares lembram que a proposta de dosimetria seria inconstitucional, pois equivaleria a legislar sobre uma decisão já tomada pelo Supremo Tribunal Federal.

Paulinho insistiu na tese de pacificação nacional, mas foi duramente contestado.

Colégio de Líderes e o IR

Paralelamente, na reunião do Colégio de Líderes, Hugo Motta e Arthur Lira garantiram que o projeto do IR será votado na próxima semana. A fala de Paulinho, porém, coloca em dúvida esse calendário, ao condicionar o tema à votação da dosimetria.

Próximos passos

O desfecho da conversa deixou um clima de incerteza: Hugo Motta deve pautar o projeto da dosimetria entre terça e quarta-feira. Caso isso não ocorra, dificilmente a matéria terá andamento neste ano.

Lindbergh alertou que, se Paulinho insistir em levar o texto ao plenário sem apoio nem do PT nem do PL, o mais sensato seria retirar a proposta. Ele ainda declarou esperar que a votação seja concluída até o fim de setembro, mas reconheceu que o calendário não favorece.