Publicado no Facebook de Gilberto Maringoni.
Fiz uma charge semana passada na qual Sérgio Moro diz : “Condenei o ex-presidente Lula”. Um repórter pergunta “Qual a prova?” e o juiz responde “A condenação, ué.”
Era uma tentativa de mostrar o absurdo da sentença.
Pois a capa de IstoÉ – “Você votaria em um condenado para presidente?” – e de Veja – “Edição especial: CONDENADO” – são a concretização da canalhice comentada no desenho.
Moro, antes de produzir uma sentença, construiu manchetes para a mídia. A condenação é a peça principal. As provas se vê depois. Importante é bater na tecla: condenado, condenado, condenado, condenado, condenado, condenado, condenado, condenado, condenado, condenado, condenado!
Condenado até a exaustão, condenado até ninguém aguentar mais, condenado até outubro de 2018, condenado a ter a reputação arrebentada.
A condenação é o começo, o meio e o fim. Não importa mais nada. Vale repetir mil vezes e perguntar:
– Você votaria em um condenado?
Um cartum deve ser engraçado. Quando ele desliza para a vida real, é uma tragédia.
O único problema é que o fogo de barragem midiático-jurídico é tão avassalador que ele pode ter efeito contrário.