
O Chile vai às urnas neste domingo para escolher o sucessor de Gabriel Boric. A eleição é marcada pela fragmentação e por um cenário em que a comunista Jeanette Jara lidera com pouco mais de 30% das intenções de voto, enquanto três candidatos da direita tentam garantir presença no segundo turno previsto para 16 de dezembro. Com informações de Carla Jimenez, do Uol.
Jara, ex-ministra do Trabalho e Previdência de Boric, construiu trajetória impulsionada por reformas negociadas com diferentes setores, mesmo com minoria no Congresso. Ela foi responsável pela redução da jornada de trabalho de 45 para 40 horas e por avanços na Previdência, após anos de impasse. Analistas destacam seu perfil pragmático e sua capacidade de articulação.

Na outra ponta, a ultradireita chega forte com José Antonio Kast e Johannes Kaiser, ambos defensores do legado de Augusto Pinochet e com discursos duros sobre crime e imigração. O tema da segurança pública domina o debate, impulsionado pela atuação de organizações criminosas, como a venezuelana Tren de Aragua, já presente em grande parte do território chileno.
O voto obrigatório, válido neste pleito, também deve favorecer candidatos conservadores. Com expectativa de comparecimento recorde, cientistas políticos avaliam que boa parte dos novos eleitores tende a votar contra o governo de turno, como ocorreu em outras eleições recentes. Isso impulsiona Kaiser e Kast, que defendem cortes drásticos no Estado, endurecimento policial e medidas alinhadas ao bolsonarismo. A multa para os eleitores que não forem votar é de cem dólares.
A centro-direita tenta ocupar espaço com Evelyn Mathei, ex-ministra e ex-prefeita de Providencia, que se diferencia por um discurso mais moderado. Ela busca atrair eleitores descontentes com a radicalização, aproveitando o capital político herdado do ex-presidente Sebastián Piñera.
Pesquisas recentes mostram que o Chile vive um reposicionamento político após anos de hegemonia progressista. A insegurança e a economia colocam a direita em vantagem, mas especialistas afirmam que o país continua dividido: cerca de 40% rejeitam a ditadura e defendem direitos humanos, enquanto até 25% apoiam o legado de Pinochet. O alto número de indecisos — 21% — deixa o desfecho do primeiro turno totalmente em aberto.