
O porto de Chancay permitirá que navios de grande porte ancorem, diminuindo o tempo de trajeto entre os dois continentes de 35 para 25 dias. Esse avanço não apenas facilita a exportação de soja brasileira e minérios sul-americanos, mas também ameaça a competitividade de portos estratégicos dos Estados Unidos, como Long Beach (Califórnia) e Manzanillo (México).
Além disso, a infraestrutura conta com 15 ancoradouros capazes de receber os maiores navios de carga do mundo, e tem gerado preocupações nos EUA sobre um possível uso militar. A General Laura Richardson, ex-chefe do Comando Sul dos EUA, classificou os projetos chineses na região como uma ameaça à segurança americana.
Em resposta às críticas, o jornal estatal chinês Global Times negou que o porto tenha finalidades geopolíticas ou militares, chamando as acusações dos EUA de “calúnias”. Durante a inauguração, Xi Jinping destacou o projeto como um marco da “Rota da Seda marítima do século 21”, evitando mencionar aspectos geopolíticos.

A construção do porto é parte de uma estratégia mais ampla da China para expandir sua presença na América Latina. Em 2022, Pequim investiu cerca de US$ 10 bilhões na região, superando os US$ 8,4 bilhões destinados à Europa e os US$ 4,7 bilhões aos Estados Unidos.
Somente o Brasil recebeu US$ 5,9 bilhões em investimentos chineses em 2021, consolidando-se como um dos principais destinos do capital chinês. Xi Jinping já visitou a América Latina 12 vezes desde 2013, estabelecendo parcerias estratégicas com países como Chile, México, Peru, Argentina e Brasil.
Nos EUA, a administração de Joe Biden intensificou esforços para conter a influência chinesa na região. Pressões diplomáticas e comerciais foram realizadas para fortalecer laços com o Brasil e outros países latino-americanos. Na Europa, documentos do Parlamento Europeu destacaram que o comércio entre a China e a América Latina cresceu 26 vezes entre 2000 e 2022, reduzindo a participação europeia no mercado regional.
A inauguração do porto de Chancay simboliza a visão da China de estabelecer pactos comerciais que beneficiem ambas as partes, atraindo países hesitantes em relação aos modelos tradicionais dos EUA e Europa. Contudo, analistas apontam que a estratégia chinesa também visa ampliar sua influência geopolítica e isolar adversários como Taiwan, além de contornar sanções financeiras impostas pelo Ocidente.
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