China e União Europeia aderem à proposta do Brasil para padronizar créditos de carbono

Atualizado em 8 de novembro de 2025 às 18:41
Chaminés liberam fumaça de uma planta de aquecimento em Jilin, na China. Foto: Reuters/Stringer

Nesta sexta-feira (8), o Brasil consolidou um dos movimentos mais relevantes de sua presidência na COP30. Em Belém (PA), foi formalizada a adesão de 11 países, entre eles a China e a União Europeia, ao plano brasileiro que busca criar parâmetros unificados para o mercado global de carbono.

Coordenada pelo Ministério da Fazenda, a proposta pretende alinhar regras entre diferentes economias e permitir que os sistemas nacionais de créditos de carbono possam operar de forma integrada. A assinatura do compromisso marca um avanço diplomático e econômico para o país em meio às discussões sobre transição energética.

Participam da iniciativa Brasil, Alemanha, Armênia, Canadá, Chile, China, França, México, Reino Unido, União Europeia e Zâmbia. O grupo quer desenvolver critérios comuns que aumentem a credibilidade e a liquidez das negociações envolvendo emissões de gases de efeito estufa.

Atualmente, o mercado de carbono funciona de maneira fragmentada. Cada região adota seus próprios métodos de controle e verificação, o que resulta em grande variação na confiabilidade dos créditos emitidos. Um mesmo volume de carbono compensado pode ter valor diferente conforme o país de origem.

O presidente Lula durante discurso na cúpula de líderes pré COP30. Foto: Reprodução/G1

Esse modelo descentralizado é sustentado por sistemas de monitoramento, relato e verificação — conhecidos pela sigla MRV — que seguem padrões distintos. A falta de uniformidade compromete a confiança dos investidores e limita o alcance de um mercado que movimenta bilhões de dólares em todo o mundo.

O mercado de carbono transforma emissões evitadas em ativos financeiros. Empresas que poluem menos do que o permitido geram créditos e podem vendê-los a outras que ultrapassam o limite de emissões. A padronização buscada pelo Brasil pretende simplificar essa troca e garantir transparência aos cálculos e registros.

Outro ponto abordado pelo acordo é a interoperabilidade. Hoje, mercados regulados e voluntários raramente se comunicam, o que impede a livre negociação de créditos entre países e plataformas. A proposta brasileira tenta superar essa barreira e tornar o sistema global mais dinâmico.

Para o secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Rafael Dubeux, a adesão de grandes potências econômicas representa “um passo histórico”. Ele afirma que o grupo passará a trocar experiências sobre metodologias, contabilidade de carbono e transparência, estabelecendo um caminho conjunto para harmonizar as normas internacionais.