Chomsky: por que Joe Biden precisa vencer Trump

Atualizado em 31 de outubro de 2020 às 12:01
Donald Trump e Joe Biden. Foto: AFP

Originalmente publicado por OUTRAS MÍDIAS

Noam Chomsky, em entrevista a C.J. Polychroniou, no Truthout, traduzido pela Carta Maior

Com o surto global da COVID-19, muitos estão achando que uma nova ordem econômica e política está inevitavelmente a caminho. Será? Nos EUA, a classe endinheirada, que prosperou sob Donald Trump, não cairá sem fazer o que estiver ao seu alcance para garantir que as pressões populares por reformas radicais sejam bloqueadas, diz o intelectual mundialmente famoso, Noam Chomsky. Chomsky também nos lembra que o racismo aberto se intensificou sob Trump e que a violência policial é um sintoma do supremacismo branca que atormenta a sociedade norte-americana. Enquanto isso, as políticas antiambientais de Trump e suas decisões de jogar no lixo os tratados de controle de armas estão aproximando o mundo cada vez mais de um holocausto ambiental e nuclear.

Muitos têm argumentado, a partir de diversos pontos de vista, que a COVID-19 foi um divisor de águas. Você concorda com esse ponto de vista ou estamos falando de uma situação temporária, em que o cenário mais provável, depois que a crise de saúde acabar, é o retorno à rotina usual dos negócios?

Não há como prever. Aqueles que têm a responsabilidade primária pelas múltiplas crises que hoje nos ameaçam trabalham duro, incansavelmente, para garantir que o sistema que eles criaram, e do qual eles se beneficiaram grandemente, persista – e de uma forma ainda mais severa, com vigilância mais intensa e outros meios de coerção e controle. Forças populares estão se mobilizando para combater estas ameaças. Elas buscam desmantelar as políticas destrutivas que nos levaram a esse momento particularmente perigoso da história da humanidade e avançar em direção a um sistema mundial que dê prioridade aos direitos e necessidades humanos, não às prerrogativas do capital concentrado.

Devemos dedicar alguns momentos para esclarecer para nós mesmos o que está em jogo na amarga guerra de classes, que está tomando forma à medida que o mundo pós-pandemia vai sendo forjado. Há muito em jogo. Tudo está enraizado na lógica suicida do capitalismo não regulamentado e, no nível mais profundo de sua própria natureza, tudo se tornou mais aparente durante a praga neoliberal dos últimos 40 anos. As crises foram exacerbadas por monstruosidades que surgiram à medida que essas tendências destrutivas seguiam seu curso. As mais ameaçadoras estão aparecendo no Estado mais poderoso da história da humanidade – o que não é um bom presságio para um mundo em crise.

Os riscos foram definidos no Doomsday Clock (Relógio do Apocalipse ) em janeiro passado. A cada ano da presidência de Trump, o ponteiro dos minutos aproxima-se mais da meia-noite. Em janeiro passado, os analistas abandonaram completamente os minutos e passaram para segundos: 100 segundos para meia-noite. Eles reiteraram as principais preocupações: guerra nuclear, destruição ambiental e deterioração da democracia, a última delas porque a única esperança de lidar com as duas crises existenciais é uma democracia vibrante, na qual uma população informada esteja diretamente envolvida na determinação do destino do mundo.

Desde janeiro, Trump elevou a probabilidade de cada uma dessas ameaças à sobrevivência. Ele continuou seu projeto de desmontar o regime de controle de armas que dava alguma proteção contra desastres nucleares. Este ano, ele já encerrou o Tratado de Céus Abertos, proposto por Eisenhower, e impôs condições frívolas para impedir a renegociação do New Start, o último pilar do sistema. Ele agora está considerando encerrar a moratória dos testes nucleares, “um convite para que outros países com armas nucleares sigam o exemplo”, disse Daryl Kimball, diretor executivo da Associação de Controle de Armas.

A indústria militar mal consegue controlar sua euforia com a enxurrada de presentes para desenvolver novas armas para destruir todos nós, incentivando os adversários a fazerem o mesmo para que, no futuro, novas dotações fluam para tentar combater as novas ameaças à sobrevivência. Uma tarefa sem fim, como praticamente todo especialista sabe, mas isso não é pertinente; o que importa é que a generosidade pública flua para os bolsos certos.

Trump também continuou sua campanha dedicada a destruir o meio ambiente que sustenta a vida humana. Sua proposta de orçamento para o ano fiscal de 2020, emitida com a pandemia em andamento, pedia um corte adicional de recursos para os Centros de Controle e Prevenção de Doenças e outros órgãos do governo norte-americano relacionados à saúde, compensados pelo aumento do apoio às indústrias de combustíveis fósseis que estão destruindo as perspectivas de sobrevivência.

E, como sempre, mais financiamento para os militares e para o muro [na fronteira com o México], que é uma parte central de sua estratégia eleitoral. Os executivos de grandes corporações, que Trump instalou para supervisionar a destruição ambiental, estão silenciosamente eliminando regulamentos que restringem um pouco os danos e que protegem a população de envenenamento do suprimento de água e do ar que respiram. O último revela nitidamente a malevolência do fenômeno Trump. Em meio a uma pandemia respiratória sem precedentes, os subordinados de Trump estão tentando aumentar a poluição do ar, o que torna a COVID-19 mais mortal, colocando em risco dezenas de milhares de norte-americanos. Mas isso não importa muito. A maioria não tem escolha a não ser morar perto das fábricas poluidoras. São pobres e negros, que votam do jeito “errado”.

Novamente, existem beneficiários: seus principais apoiadores da riqueza privada e do poder corporativo.

Voltando à terceira preocupação dos analistas do Doomsday Clock, Trump acelerou seu programa para desmontar a democracia norte-americana. O Executivo foi praticamente destruído, convertido em uma coleção de bajuladores covardes que não se atrevem a ofender o mestre. O último passo do presidente foi demitir o promotor do Estado de Nova York que estava investigando o pântano que Trump criou em Washington. Ele estava levando adiante a investigação dos inspetores gerais que Trump expurgou quando estavam chegando muito perto dos fatos. O próximo passo projetado, que acabamos de saber, é um expurgo do comando militar, para garantir obediência fiel ao aspirante a ditador barato, no caso de uma crise internacional ou doméstica de sua autoria.

Trump é imitado de perto por Jair Bolsonaro; farsa imitando tragédia. Mas no Brasil, ainda existe uma pequena barreira à criminalidade executiva: a Suprema Corte, que bloqueou as ações de Bolsonaro para expurgar as autoridades que investigam seu próprio pântano. Os EUA estão bem atrás.

É uma conquista e tanto, em apenas seis meses ter elevado significativamente todas as três ameaças à sobrevivência que levaram o Doomsday Clock em direção à meia-noite, ao mesmo tempo em que falhou espetacularmente no trato com a pandemia. Sob a liderança de Trump, os EUA, com 4% da população mundial, já registraram 20% dos casos da [COVID-19]. De acordo com um estudo em uma importante revista médica, quase todos os casos podem ser atribuídos à recusa de Trump e associados em respeitar os conselhos dos cientistas.

No final de março, os EUA e a UE tinham o mesmo número de casos de infecções. A Europa adotou os resultados dos estudos científicos dos EUA e os casos diminuíram muito acentuadamente. Sob Trump, os casos aumentaram para mais de cinco vezes o nível da UE. Pesquisadores europeus estão se perguntando se os EUA desistiram. A Europa está agora considerando uma proibição de viajantes do Estado pária que Trump e associados estão construindo.

A ideia de que o governo dos EUA desistiu está enganada. Uma conclusão mais precisa é que os governantes simplesmente não se importam. A preocupação deles é manter o poder e moldar a sociedade futura à sua imagem. O destino da população em geral não é da conta deles.

A tarefa de forjar o mundo futuro não está nas diretivas federais emitidas pelo Executivo. Essa é, agora, praticamente a única preocupação do Senado, com uma maioria republicana que talvez seja ainda mais subserviente ao mestre do que os assessores da presidência. O Senado dirigido por Mitch McConnell praticamente abandonou qualquer pretensão de ser um órgão deliberativo ou legislativo. Sua tarefa é servir à riqueza e ao poder corporativo, ao mesmo tempo em que entope o Judiciário, de cima a baixo, com jovens produtos da Federalist Society, de ultra-direita, que serão capazes de proteger a agenda reacionária de Trump-McConnell por muitos anos do que quer que o povo deseje.

O mais recente esforço republicano para punir a população é apelar à Suprema Corte para que encerre o “Obamacare” (a Lei de Assistência Acessível à Saúde) – como sempre, oferecendo nada em seu lugar além de promessas vazias.

A malevolência trumpiana está trazendo à luz malignidades muito mais profundas da ordem socioeconômica, que não podem ser ignoradas se quisermos evitar a próxima e provavelmente pior pandemia, ou lidar com as ameaças verdadeiramente existenciais à sobrevivência que Trump está trabalhando duro para tornar muito mais graves.

Essas são as perguntas que enfrentamos quando nos perguntamos o que podemos fazer para moldar o momento que emergirmos da atual crise de saúde.

Desde a erupção de manifestações nos Estados Unidos, em defesa da vida dos negros e em apoio ao corte no financiamento da polícia, testemunhamos mudanças maciças nas atitudes do público em relação ao racismo e crescente desafio contra Trump, por figuras líderes do establishment e até mesmo dentro de seu próprio partido. Você pode analisar o racismo na era Trump e especular se o país está pronto para uma nova era nas relações raciais?

Algumas indicações sobre o “racismo na era Trump” são fornecidas pelo registro de violência racialmente motivada. De acordo com a Liga Anti-Difamação, em 2016, antes da posse de Trump, essa maldição representava 20% das mortes relacionadas ao terrorismo nos EUA. Em 2018, o número subiu para 98%. E continuou nesse nível desde então. O diretor do FBI, Christopher Wray, relatou que extremistas com motivação racial e étnica eram a principal fonte de incidentes e violência letais motivados ideologicamente desde 2018, e que 2019 marcou o ano mais mortal da violência supremacista branca desde o atentado a bomba em Oklahoma City em 1995, relata a Foreign Affairs.

Essa é uma das faces do racismo na era Trump, regularmente difundida a partir da Casa Branca. As demonstrações atuais refletem tendências críticas na direção oposta. As manifestações são inéditas: em escala, em comprometimento, em solidariedade e em apoio popular, indo muito além do que Martin Luther King Jr. alcançou quando ainda era uma figura popular.

Essas demonstrações notáveis testemunham mudanças significativas na consciência popular. Trump, é claro, tem tentado incitar seu bloco de eleitores supremacistas brancos, tuitando acusações selvagens sobre como o país estari sendo sitiado pelos radicais violentos que dirigem o Partido Democrata. Mas suas conhecidas técnicas não parecem estar funcionando como antes.

Até agora, os objetivos [de curto prazo] dos manifestantes parecem estar principalmente focados no policiamento. Esse foco nas práticas policiais leva diretamente à investigação de características muito mais fundamentais da sociedade norte-americana. Há ampla evidência de que a violência policial nos EUA está muito além das sociedades comparáveis, mas não ocorre no vácuo social. Os EUA são uma sociedade muito mais violenta.

A violência, é claro, não está nos genes. Ela decorre de doenças sociais que se refletem em muitos aspectos da sociedade, inclusive sua classificação muito baixa entre os países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) em medidas de justiça social. Está claro por que essas doenças têm um impacto radicalmente desproporcional na comunidade negra. A violência policial é um sintoma que não pode ser curado ignorando suas raízes.

A propagação de protestos, especialmente nas cidades pequenas dos EUA, também trouxe à luz o fenômeno absolutamente estranho do movimento das milícias no país. Até que ponto a ideologia política do Partido Republicano sob Trump está ligada à extrema ideologia antigovernamental do movimento das milícias?

Noam Chomsky: Além do ataque à Assembleia Legislativa do Estado de Michigan por membros armados da Michigan Liberty Militia (“pessoas muito boas”, garantiu Donald Trump), o caso mais dramático recente foi na vila de Bethel, Ohio. Uma demonstração pacífica de algumas dúzias de pessoas em apoio ao Black Lives Matter foi atacada por 700 contramanifestantes de gangues de motociclistas, grupos “back the blue” [“apoie o azul”, em referência ao uniforme azul dos policiais] e defensores da Segunda Emenda, muitos armados ou com tacos de beisebol ou bastões. A Segunda Emenda não tem nada a ver com a manifestação, mas se tornou um grito de guerra entre os grupos de direita, constantemente evocados por Trump, sempre de forma irrelevante, para inflamar os “durões” com os quais ele conta.

Quanto à ideologia política, os republicanos modernos gostam de entoar o slogan de Reagan de que o governo é o problema, não a solução. Mas sempre ironicamente. Seu ídolo expandiu o governo federal (quase triplicando a dívida nacional). É verdade que a ideologia do Partido Republicano moderno é em parte antigovernamental. Para eles, o governo tem uma falha séria; é um tanto sensível ao público em geral. A falha pode ser sanada transferindo a formulação de políticas para tiranias privadas que não precisam dar qualquer explicação ao público. Mas o governo às vezes é a solução para os republicanos. Um exemplo é quando o poder do Estado é necessário para esmagar a interferência popular nas doutrinas da fé, a marca do neoliberalismo desde suas origens no período entre guerras, em Viena, como discutimos anteriormente. O governo também é a solução para os enormes subsídios públicos às corporações, e mais visivelmente, quando a onda de crimes corporativos desencadeada por princípios neoliberais quebra a economia, como acontece regularmente desde Reagan. Os donos do dinheiro passam o chapéu para serem socorridos pelo Estado-babá. Isso está acontecendo novamente hoje, embora desta vez a ganância corporativa exigida pela doutrina neoliberal seja apenas parcialmente responsável; desde quando a pandemia começou, as empresas, que enriqueciam acionistas e administradores ricos com recompras de ações, têm exigido e recebido a generosidade pública, como de costume.

Além disso, sempre faz sentido não desperdiçar uma oportunidade. Graças a amigos de alto escalão, “quase 82% dos benefícios da alteração da lei tributária [no estímulo por conta do coronavírus] serão destinados a pessoas que ganham US$ 1 milhão ou mais anualmente em 2020″.

O princípio neoliberal norteador é simplesmente uma versão mais nítida do entendimento tradicional de que a função apropriada do Estado é “proteger a minoria dos opulentos contra a maioria”, como instruiu James Madison na Convenção Constitucional dos EUA. A principal preocupação do governo é o bem-estar dos “homens de melhor qualidade”, como eles se chamavam um século antes, durante a primeira revolução democrática moderna na Inglaterra do século XVII. A “ralé” de alguma forma se defenderá.

Como? No mundo neoliberal, a solução para eles é juntar-se ao precariado, privado de sistemas de apoio (“não existe sociedade” dizia Margareth Thatcher), programas de saúde, assistência à infância, férias, aposentadorias seguras e, de fato, qualquer maneira de escapar da devastação do mercado, o que quer que ele traga.

As aposentadorias ilustram bem a lógica neoliberal. O primeiro passo foi dissolvê-las em 401(k)s privados [um tipo de previdência privada]. Isso pode levar a retornos mais altos para quem tem sorte e a desastres para quem não tem, mas, de qualquer forma, a retirada da segurança desvia a mente das pessoas de “ilusões perigosas” como solidariedade e apoio mútuo ao isolamento em um mercado incerto. O passo seguinte foi dado por Eugene Scalia, que foi escolhido para ser secretário do Trabalho com base em suas credenciais como advogado corporativo fortemente contrário aos direitos trabalhistas. Sob a cobertura da pandemia, ele silenciosamente abriu o mercado 401(k) para as empresas destrutivas de private equity, oferecendo-lhes uma enorme fonte de lucro e taxas de administração infladas.

Prosseguindo, depois de demitir o procurador dos EUA no Distrito Sul de Nova York, que saiu da linha por investigar o pântano em Washington, Trump nomeou como seu substituto Jay Clayton, advogado de private equity que é defensor de longa data da mudança da lei federal “para permitir que os gestores de ativos canalizem mais dinheiro dos aposentados para as empresas de alto risco e alta taxa de retorno”, relata David Sirota em outra de suas valiosas exposições de crimes corporativos estatais. A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), que monitora essas organizações obscuras, publicou outro relatório contundente sobre suas práticas ilegais, que Sirota interpreta, plausivelmente, como um “grito desesperado por ajuda” para impedir o roubo da diligência em andamento. Mas, para evitar essa ameaça, observa Sirota, a Suprema Corte “silenciosamente” restringiu o poder da SEC de punir empresas de private equity.

O círculo se fecha. Segurem seus chapéus enquanto a nova era é forjada pelos mestres do mundo, passo a passo – se permitirmos que eles façam o que querem.

Desde o surto de coronavírus, Joe Biden parece ter reconhecido que muitos dos problemas enfrentados pelos Estados Unidos contemporâneos são estruturais, não cíclicos. De fato, Biden parece ter se caminhado à esquerda desde que Bernie Sanders suspendeu sua campanha presidencial em abril. Isso levanta a questão interessante sobre se o próprio Biden mudou ou se foram as políticas e a cultura do próprio Partido Democrata. Você pode comentar a agenda política de Biden e a possível mudança de rosto do Partido Democrata?

O que Biden reconhece, eu não sei. No entanto, podemos ler seu programa, que foi bem pressionado rumo à esquerda. Não pelo Comitê Nacional Democrata ou pela classe doadora. Mas pelo envolvimento direto de Sanders e seus apoiadores, e mais importante, pelo constante ativismo dos grupos que a campanha de Sanders reuniu e inspirou. Se o rosto continuará a mudar depende dessas forças continuarem se mobilizando e agindo.

É bom lembrar a perspectiva tradicional de esquerda sobre as extravagâncias quadrienais, incluindo a atual.

Existe uma doutrina oficial de que a política se reduz a votar em uma eleição e depois voltar para casa para deixar o assunto para outras pessoas. Essa é uma maneira maravilhosa de suprimir a população e manter o controle autoritário. A terminologia usada para implementar essa técnica de controle é “vote em X” e você cumpriu sua responsabilidade como cidadão.

A doutrina do establishment está disponível tanto para quem é a favor da política do governo quanto para quem se opõe. Na última forma, foi recentemente chamado de “voto menos grave” [Lesser Evil Vote, algo como voto útil], com a sigla LEV. A doutrina tradicional da esquerda é muito diferente. Ele afirma que a política consiste em constante ativismo para resistir à opressão, não apenas do governo, mas de um poder privado ainda mais severo, e para desenvolver movimentos populares para promover a justiça e o controle popular das instituições. A cada poucos anos, acontece um evento chamado “eleição”. Leva-se alguns minutos para ver se há uma diferença significativa entre os candidatos e, se houver, dedicar alguns minutos para votar contra o pior e depois voltar ao trabalho político. Para ilustrar a escolha, considere o aquecimento global, claramente uma questão crítica (para alguns, como eu, a mais crítica da história humana, juntamente com a guerra nuclear). Democratas e republicanos diferem bastante sobre o assunto. O último estudo do Pew Research Center constata que:

“Os americanos continuam profundamente divididos politicamente sobre o quanto a atividade humana contribui para as mudanças climáticas. Cerca de sete em cada dez democratas (72%) dizem que a atividade humana contribui muito para as mudanças climáticas, em comparação com cerca de dois em cada dez republicanos (22%), uma diferença de 50 pontos percentuais. A diferença é ainda maior entre aqueles que estão no fim do espectro ideológico. Uma grande maioria dos democratas progressistas (85%) diz que a atividade humana contribui muito para as mudanças climáticas. Apenas 14% dos republicanos conservadores dizem o mesmo.”

Em novembro próximo, a diferença entre os candidatos é um abismo.