Churchill propôs atacar União Soviética com armas nucleares em 1951

Atualizado em 11 de setembro de 2020 às 15:39
Winston Churchill (AFP Photo)

Publicado originalmente no Sputniknews

Já se conhecia que o político britânico teve ideias de atacar URSS até 1949, mas Richard Toye se mostrou surpreso ao descobrir que Churchill defendeu ataque quando a própria URSS já tinha obtido a arma.

Winston Churchill, premiê do Reino Unido de 1940 a 1945, período em que seu país lutou contra o nazismo, antes de regressar ao cargo entre 1951 e 1955, propôs uma guerra nuclear preventiva contra a União Soviética ainda em 1951, noticia o jornal The Times.

De acordo com o historiador Richard Toye, que chefia o Departamento de História da Universidade de Exeter, Reino Unido, já se conhecia que Churchill defendeu uma ameaça deste tipo em agosto de 1949 e antes da URSS adquirir uma bomba atômica. O que não se sabia era que o chanceler britânico não tirou a ideia de ataque da cabeça em 1951.

O historiador Richard Toye destaca um memorando do editor-chefe do jornal The New York Times, Julius Ochs Adlerb, de 29 de abril de 1951, seis meses antes de o político britânico regressar à liderança do país.

Na época, relata Toye, o então líder de oposição britânico se encontrou com Adlerb em Kent, Reino Unido. Churchill bebia champanhe de um copo “de forma e tamanho incomuns”, pelo menos duas vezes maior do que os outros, conversando com o editor-chefe, antes de expressar lamentação por uma política anglo-americana “fraca, em vez de agressiva” contra a URSS.

“Um pouco abruptamente, ele me perguntou a figura oficial de nosso estoque de bombas atômicas e nossa estimativa do estoque disponível da Rússia”, escreveu Adlerb, respondendo que não fazia parte do governo, e como tal não tinha conhecimento sobre esse “magnífico segredo”.

Plano dos diabos

Em seguida, conta, Churchill afirmou que tentaria obter um acordo com o governo britânico se se tornasse primeiro-ministro, com o objetivo de impor certas condições à URSS em forma de ultimato.

“Diante de sua recusa, o Kremlin deveria ser informado de que, a menos que reconsiderem, lançaríamos bomba atômica em uma das 20 ou 30 cidades. Ao mesmo tempo, devemos adverti-los de que é imperativo que a população civil de todas as cidades escolhidas seja evacuada imediatamente.”

Esse bombardeamento continuaria até que o pânico inevitável “não só entre o povo russo, mas também no Kremlin” levasse Moscou a aceder aos termos do ultimato.

Pode-se questionar seu julgamento neste momento”, avalia Toye.

As obras de Richard Toye também falam de planos de ataques nucleares à China, em particular a bases militares e concentrações de tropas do país ao norte do rio Yalu, que demarca a fronteira entre a Coreia do Norte e a China.

A política externa que Churchill realmente seguiu após ser eleito em outubro de 1951 acabou sendo “bastante melhor” que as ameaças consideradas nos primeiros anos da Guerra Fria, indica o historiador.