Churrasco anunciado por Bolsonaro é diálogo com hordas fascistas e estratégia para desestabilizar. Por Joaquim de Carvalho

Atualizado em 9 de maio de 2020 às 11:12

Não é coincidência. Ao anunciar que fará um churrasco neste sábado para 30 pessoas no Palácio do Alvorada, Jair Bolsonaro está dialogando com as hordas fascistas que tentam ocupar Brasília para intimidar os poderes Legislativo e Judiciário.

Bolsonaro depois falou que não seriam 30 os participantes do churrasco, mas 3.000. Também citou outro número que guarda relação com 300 – 1.300.

Pode ser que nem ocorra o churrasco, mas ele está dialogando com aqueles que, assumidamente, investem contra instituições da república.

Em Brasília, há um acampamento que se autodenomina 300 do Brasil, com proposta claramente golpista.

Ao mesmo tempo, há um outro grupo que promete colocar na capital federal 300 caminhões cheios de “militares da reserva”.

Quinta-feira, quando este seguidor postou o vídeo em que anuncia o deslocamento do comboio, o que Bolsonaro fez?

Reuniu ministros e lobistas que se dizem empresários e ministros, e foram todos para o STF.

Na prática, ele estava “invadindo” outro poder, como defendeu o seguidor que usa roupa camuflada, como se fosse do Exército.

Mais uma vez, estava dialogando com esse embrião de milícia.

Bolsonaro não governa, ele desestabiliza o tempo todo, e talvez não seja por inépcia, mas em nome de um projeto, cujas bases lançou há 21 anos, em entrevista.

“Através do voto, você não vai mudar nada neste país, nada, absolutamente nada. Você só vai mudar, infelizmente, se um dia nós partimos para uma guerra civil aqui dentro e fazendo um trabalho que o regime militar não fez, matando 30 mil, começando pelo FHC, não deixar para fora não, matando. Se vai morrer alguns inocentes, tudo bem. Toda guerra morre.”

Disse também que era favorável à tortura, pensamento que já atraiu a simpatia da atriz Regina Duarte.

Que as autoridades não se iludam. Bolsonaro é a concretização de uma “profecia” que o último ditador militar fez, depois de deixar o cargo.

Em um churrasco com muita bebida, ele disse, ao responder a uma pergunta sobre quem seria um bom candidato a presidente do Brasil:

— O diabo era um bom candidato. Pelo menos pra queimar esse pessoal todo aí.