No quarto depoimento à Polícia Federal (PF), o tenente-coronel Mauro Cid reiterou sua não participação em uma reunião com os comandantes das Forças Armadas e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado.
O depoimento, que durou mais de nove horas, começou por volta das 15h da segunda-feira (11) e foi concluído na madrugada da terça-feira (12), pouco depois da meia-noite e quinze, conforme informações do G1.
A oitiva foi agendada após o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes ter sido ouvido na semana anterior. Em depoimentos anteriores, Cid já havia mencionado um encontro entre o general Freire Gomes e os então comandantes da Marinha, Almir Garnier, e da Aeronáutica, Baptista Junior, onde uma minuta golpista teria sido apresentada.
Anteriormente, Cid tinha afirmado que soube da existência do documento apócrifo quando o ex-assessor presidencial Filipe Martins lhe apresentou uma versão impressa e em formato digital, solicitando alterações pedidas por Bolsonaro. Freire Gomes, em seu depoimento à PF, detalhou o suposto plano antidemocrático, opondo-se à proposta de Bolsonaro de reverter a derrota nas urnas nas eleições de 2022.
O ex-comandante implicou diretamente o ex-capitão na tentativa de golpe, relatando uma reunião convocada por Bolsonaro no Palácio da Alvorada em 7 de dezembro de 2022. Essa reunião discutiu detalhes de uma minuta que previa novas eleições e a prisão de Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Cid novamente negou participação nesse encontro.
Em 22 de fevereiro, os investigadores ouviram 23 pessoas em diversas localidades do país. Entre os sete investigados que prestaram depoimento, estão o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência Filipe Martins, o presidente do PL Valdemar da Costa Neto, o ex-assessor Tércio Arnaud, o assistente do Comando Militar Sul Bernardo Romão Correa Netto e o coronel da reserva Cleverson Ney Magalhães.
Mensagens obtidas no celular de Cid mostram que ele chegou a discutir o suposto plano com o então comandante do Exército. “E hoje ele mexeu naquele decreto, né. Ele reduziu bastante e fez algo muito mais direto, objetivo, curto e limitado”, disse o militar a Freire Gomes em 9 de dezembro, dois dias após a reunião de Bolsonaro com os militares.