Cid revela à PF caminho do dinheiro obtido com joias de Bolsonaro

Atualizado em 19 de junho de 2024 às 16:46
Mauro Cid diz que entregou dinheiro da venda de relógios em espécie a Jair Bolsonaro. Foto: Alan Santos/PR

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, afirmou à Polícia Federal que entregou parte do dinheiro obtido com a venda ilegal de joias ao próprio ex-presidente durante viagem oficial a Nova York, nos Estados Unidos. Os valores foram entregues em espécie em setembro de 2022, segundo o militar. A informação é da coluna de Igor Gadelha no Metrópoles.

Cid relatou que o dinheiro foi dado a Bolsonaro durante a viagem em que o então presidente fez seu seu último discurso como mandatário na Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). Ele ainda contou que os relógios recebidos de presente foram vendidos por cerca de US$ 68 mil (cerca de R$ 370 mil na cotação atual).

O valor da venda do item foi depositado inicialmente na conta do pai dele, o general da reserva Mauro Lourena Cid, que comandava o escritório da Apex (Agência Brasileira de Promoção e Exportações e Investimentos), em Miami, à época.

Seu pai então teria sacado o dinheiro de forma parcelada, por conta do limite baixo para saques em caixas eletrônicos, e viajado para Nova York na ocasião para levar as notas a ele. Na cidade, Lourena encontrou o filho, que acompanhava Bolsonaro no evento da ONU e repassou o valor a ele.

O general da reserva Mauro Lourena Cid, pai de Mauro Cid, teria levado o dinheiro para o filho durante viagem de Bolsonaro a Nova York (EUA). Foto: Reprodução

A informação foi passada à Polícia Federal em depoimentos nos últimos meses e reforçada na oitiva desta segunda (18), criada para buscar esclarecimentos sobre a nova joia descoberta nos Estados Unidos por policiais federais.

Após fechar acordo de delação premiada com a PF, Cid também contou que o próprio ex-presidente teria pedido para vender alguns presentes que considerava parte de seu acervo pessoal e que parte dos recursos obtidos com as vendas foi entregue a ele já em 2023 em Orlando, cidade onde se refugiou após o fim de seu mandato.

Na entrega do ano passado, o segundo-tenente Osmar Crivelatti, que também foi ajudante de ordens de Bolsonaro no Palácio do Planalto, teria sido responsável por receber os valores.

O advogado e assessor de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, nega que ele tenha mandado vender qualquer item ou recebido qualquer valor das negociações. Ele ainda diz que Cid foi pressionado a fechar acordo de delação premiada com a PF porque estava preso. “Quem acusa tem que provar”, completou.

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