Cidade de 8 mil habitantes teve 4 mortes por coronavírus e recebeu só R$ 35 mil do governo federal para enfrentar a doença

Atualizado em 18 de abril de 2020 às 11:46

Antônio Carlos, município de 8 mil habitantes a 40 quilômetros de Florianópolis, teve proporcionalmente o maior número de mortes no país pelo coronavírus. Foram 4, todos de uma casa de repousos. No local, outras sete pessoas estão contaminadas e a cidade ainda tem mais duas pessoas que testaram positivo para o vírus.

É uma situação de calamidade pública e o que chama a atenção é que, apesar disso, o governo Bolsonaro enviou para o município apenas R$ 35.660,00. O governo do Estado, chefiado por Carlos Moisés, do PSL, enviou R$ 19.897,00. Somando as duas verbas, não seria suficiente para comprar um único respirador.

Tudo bem que a cidade não tem hospital, só um centro de saúde, e que os doentes podem ser atendidos na capital, que fica a meia hora de carro. Mas, com dados tão alarmantes assim, o correto seria que houvesse na cidade uma força-tarefa.

O prefeito, Geraldo Pauli, do MDB, pediu em vídeo que não se politize a questão, mas reforçou um apelo que vai na contramão da política do governo do Estado, que decretou o fim da quarentena.

“Eu faço um pedido a você cidadão antoniocarlense. Com autorização do governo do Estado, autorizando a reabertura de várias atividades comerciais e de serviços, nós vamos aumentar o número de pessoas nas ruas e o descuido também com a prevenção. Agora, mais do que nunca, precisamos redobrar os cuidados para não levarmos o vírus para nossas casas. Infelizmente o vírus está circulando em nossa cidade. Se você precisa trabalhar ou ir a algum lugar, use máscara, mantenha uma distância mínima de dois metros com outra pessoa, higiene as suas mãos. Para quem puder, fique em casa. A melhor prevenção contra o vírus é o isolamento social. E, finalmente, não vamos misturar política com essa pandemia.”

O pronunciamento dele poderia ser feito em outras palavras: Recebemos uma mixaria para enfrentar o vírus e o governador ainda assina um decreto para liberar o comércio, o que vai gerar mais doentes. Se o cidadão voluntariamente não combater o vírus, ficando em casa, vai ser um genocídio.

É certo que a prefeitura poderia baixar outro decreto e impedir o comércio de abrir, mas numa cidade pequena como esta o prefeito não tem força para ir contra a diretriz do governo estadual e também do próprio presidente da república.

Geraldo Pauli terá muita dificuldade.

A situação do seu município reflete a falta de um comando unificado e inteligente para enfrentar a doença no país.

Antônio Carlos deveria ser hoje objeto de estudo de caso, para entender a dinâmica do vírus, ao mesmo tempo em que se faz a prevenção eficiente, impedindo as pessoas de sairem às ruas, e também testando todos, já que a chance de contágio ali é muito grande.

E também é grande a possibilidade de que muitos já tenham sido infectados. Para a epidemiologia, um estudo desses seria interessante para saber o número de casos e também o número de pessoas que não manifestaram sintomas.

É um dado que seria útil a todo país.