Cientista político diz que Itália deve retribuir diplomacia e extraditar Zambelli

Atualizado em 7 de junho de 2025 às 23:41
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) na Flórida (EUA), de onde anunciou sua fuga do Brasil. Foto: Reprodução

A Itália deve seguir uma postura diplomática de retribuição e extraditar a deputada federal licenciada Carla Zambelli ao Brasil, analisou Paulo Ramirez, cientista político e professor da ESPM, em entrevista ao UOL. A bolsonarista fugiu do Brasil após ser condenada a 10 anos de prisão por invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Os dois países possuem um tratado de extradição firmado em 1989, que obriga a entrega de pessoas procuradas pelas autoridades do outro país. No entanto, o tratado também estabelece que não há a obrigação de um país entregar seus próprios cidadãos para cumprirem pena no outro.

“Zambelli esteve nos Estados Unidos, fugiu para a Itália, mas provavelmente a Justiça italiana deverá entregá-la às autoridades brasileiras. Isso é parecido com o que aconteceu recentemente com o [Cesare] Battisti, que ficou preso algum tempo na Bolívia e foi entregue pelas autoridades brasileiras”, afirmou o professor.

“Em termos de retribuição diplomática, muito provavelmente a Itália seguirá pelo mesmo caminho e devolverá Zambelli ao Brasil, onde ela deverá cumprir a sua pena de prisão.”

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), pediu que o Ministério da Justiça formalize o pedido de extradição de Zambelli. Ele também determinou que o presidente da Câmara, Hugo Motta, seja notificado sobre a cassação da parlamentar.

O professor destacou ainda que Zambelli é mais uma pessoa abandonada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A relação dos dois “azedou” depois que a parlamentar perseguiu armada um homem negro na véspera do segundo turno das eleições de 2022, em São Paulo. O próprio Bolsonaro atribuiu o caso à sua derrota para o presidente Lula (PT).

“A gente não pode esquecer que, antes de Sergio Moro deixar o Ministério da Justiça [no governo Bolsonaro], a Zambelli tentou negociar a ida dele para o STF. O Moro respondeu dizendo que não estava à venda, apesar de ele ter sido padrinho de casamento da Zambelli. Curiosamente, ela é uma das figuras mais radicais dentro desse espectro bolsonarista”, afirmou.

“Todos aqueles que tropeçaram, de alguma forma, se envolveram em escândalos com a Justiça ou qualquer coisa do tipo, foram gradualmente sendo deixados de lado pelo Jair Bolsonaro. E esse é o desfecho da Zambelli.”

Assista abaixo: