Cínico, Motta defende derrubada de alta do IOF e acusa Lula de não “servir ao país”

Atualizado em 30 de junho de 2025 às 16:14
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o presidente Lula. Foto: Evaristo Sá/AFP

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), acusou o presidente Lula de não “servir ao país” e negou ter traído o Palácio do Planalto ao derrubar o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). As declarações foram dadas em vídeo publicado nas redes nesta segunda (30).

“Capitão que vê o barco indo em direção ao iceberg e não avisa não é leal, é cúmplice. E nós avisamos ao governo que essa matéria do IOF teria muita dificuldade de ser aprovada no Parlamento”, afirmou Motta na publicação.

Ele diz que a decisão foi uma medida de prudência política e alegou que considerou a reação do Congresso à proposta do governo. “Presidente de qualquer Poder não pode servir a um partido, tem que servir ao seu país”, acrescentou.

A publicação de Motta é parte de sua estratégia recorrente de usar as redes sociais para enviar recados ao governo e ao público. Em uma ação que pegou o Palácio do Planalto de surpresa, o presidente da Câmara anunciou que a votação sobre os decretos seria realizada no dia seguinte. O Senado também seguiu a mesma linha de votação logo após a Câmara.

O governo Lula sofreu uma derrota histórica com a derrubada dos três decretos que aumentavam o IOF. Na Câmara, a medida foi aprovada por 383 votos a favor e apenas 98 contra, sendo que 242 desses votos vieram de partidos aliados ao governo. No Senado, embora a votação tenha sido simbólica, a articulação política evitou o registro nominal dos votos.

Motta ainda alegou que a proposta teve amplo apoio, incluindo deputados tanto de esquerda, o que, segundo ele, desmente a ideia de que a ação do Parlamento foi movida por uma polarização política. “Quem alimenta o nós contra eles acaba governando contra todos”, disse o deputado.

O presidente da Câmara também acusa Lula de criar uma “polarização social” e argumenta que a Câmara tem aprovado “pautas importantes para o país” recentemente. “Se uma ideia for ruim para o Brasil, eu vou morder. Mas, se essa ideia for boa, eu vou assoprar”, prosseguiu.

O parlamentar teve uma reunião recente com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e chamou o encontro de “histórico” após o diálogo. Pouco depois, no entanto, passou a criticar publicamente o pacote de medidas sugeridas pelo governo como alternativa à alta do IOF.